Agora, quase uma semana depois de terminada a CES, fica mais fácil fazer um balanço da cobertura que a mídia deu ao evento. Este é um exercício interessante, porque mostra como o tema tecnologia (aliás, outros temas também) é tratado pela imprensa, incluindo a especializada.
 
Em jornalismo, cunhou-se há anos o termo “barriga” para definir artigos e reportagens que algum veículo publica e que, depois, verifica-se serem invenção ou desinformação de quem escreveu. Nesta CES, o exemplo mais gritante foi o da TV a laser, anunciada meses atrás pela Mitsubishi. A empresa chegou a divulgar, no final do ano passado, uma foto do aparelho, que substituiria plasmas, LCDs e demais tecnologias de projeção por um dispositivo baseado em leitor óptico, com resultados muito superiores e a um custo de produção mais baixo.
 
Vários sites – inclusive internacionais – divulgaram que a Mitsubishi exibiria o protótipo na CES, e muitos jornalistas (eu próprio) saímos pelos pavilhões de Las Vegas à procura dessa preciosidade. Inútil. A TV a laser não estava no evento. Ou melhor: foi mostrada durante apenas um dia, numa pequena suíte no hotel Palms, bem longe do Convention Center, sendo que a imprensa não foi convidada e o próprio fabricante não divulgou detalhes sobre o aparelho, nem mesmo uma única foto.
 
Apesar disso, até grandes sites e jornais brasileiros elogiaram a “excepcional” qualidade da imagem a laser. Houve jornalistas que foram a Las Vegas para fazer compras, ou jogar nos cassinos, e até aqueles que nem encontraram a sala de imprensa do evento. Acabaram falando sobre o que não viram!

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