A última reunião do Fórum da TV Digital, na semana passada, foi agitada pelas pressões do governo. A ministra Dilma Roussef, que na prática é quem manda no setor, cobrou de fabricantes e emissoras os motivos do suposto “fracasso” da implantação do sistema em São Paulo. Ninguém sabe ao certo quantos conversores (set-top-box) foram vendidos; as estimativas variam entre 10.000 e 50.000. Algum visionário do governo devia achar que seriam milhões…

Na verdade, o modelo de TV Digital no Brasil baseia-se num tripé: fabricantes, emissoras e revendedores. As três partes precisam ganhar, caso contrário a conta não fecha. E, como se sabe, metade do custo dos equipamentos refere-se a impostos. Para as emissoras, o governo já oferece incentivos, na forma de redução do imposto de importação. Para o varejo, foram prometidas linhas de crédito do BNDES que até agora não saíram do papel. Para os fabricantes, nem isso.

Por mais que membros do governo falem em conversor digital a R$ 180, todo mundo sabe que isso é utopia. Os poucos fabricantes que ousaram lançar produtos mais baratos tiveram que rever seus planos rapidinho; alguns até foram obrigados a um inesperado recall, diante dos problemas técnicos apresentados. Na reunião da semana, passada, Dilma voltou a falar em reduzir impostos, mas ninguém acreditou. O varejo, é claro, não vai abrir mão de suas margens.

E assim vamos vivendo, num jogo de faz-de-conta que não leva a lugar nenhum. Como naquele velho anúncio, o conversor não vende porque é caro, e é caro porque não vende. 

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