O Congresso dos EUA, onde as pessoas entram para se manifestar sem provocar baderna, está sendo palco esta semana de uma série de manifestações ligadas à chamada transição digital, que já comentei aqui algumas vezes. Como se sabe, lá o governo fixou a data de 17 de fevereiro de 2009 como deadline para as transmissões de televisão analógicas. Mas nem todo mundo está de acordo.

Grupos de defesa do consumidor estão pressionando o Congresso a liberar mais verbas, não para ONGs disfarçadas de entidades sociais, mas para… acreditem, divulgar melhor o conceito de TV Digital. Argumentam que a maior parte da população ainda não sabe que precisará trocar seu equipamento, ou acrescentar um conversor (set-top-box), e por isso precisa ser esclarecida.

Reportagem desta 2a. feira no The New York Times conta detalhes interessantes sobre esse verdadeiro movimento cívico. “Isso aqui não é Cuba”, revolta-se Bertha Graham, senhora de 69 anos, que vive sozinha num subúrbio de Washington e se diz “plenamente satisfeita” com sua velha antena analógica. Recusa-se a pagar 60 ou 70 dólares por um conversor. Mais do que isso: não aceita a oferta do próprio filho, que quis lhe dar um conversor de presente. “Não estamos numa ditadura, as pessoas devem ter o direito de escolher que equipamente terão em casa”, diz ela ao jornal.

O temor das entidades civis – e é isso que as está levando aos congressistas – é que em fevereiro do ano que vem as pessoas mais pobres, ou aquelas de idade que não se ligam em tecnologia, acabem ficando sem sinal de TV, o que para muitas delas é a única diversão que resta.

Diante das pressões, especialistas até admitem que o governo reveja seu cronograma. Se isso acontecer, não será por pressão de grupos empresariais querendo mais dinheiro, mas por uma causa nobre.

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