É interessante ler entrevista do vice-presidente da Panasonic USA, Bob Perry, publicada semana passada pela revista Twice, especializada no varejo de produtos eletrônicos. Embora haja uma distância de anos-luz entre os mercados americano e brasileiro, acho que muitos aqui podem aproveitar ao menos parte dos conceitos de mr. Perry.

Num exercício de autocrítica raro de se ver na indústria, ele diz que a Panasonic precisa urgentemente rever seu relacionamento com os varejistas. E vai direto ao ponto: “Existem produtos que os consumidores querem, mas nem sabem que existem. E, quando descobrem, ficam irritados porque não lhes é dada a devida orientação para usá-los bem. Por isso, temos tantos consumidores insatisfeitos, inclusive com nossos produtos”.

Perry atribui a culpa à maioria dos varejistas, que não se preocupa em treinar eficientemente seus funcionários. “Nos próximos quatro meses, vamos rever nossa carteira de clientes”, promete Perry. “Há alguns com quem nem deveríamos mais estar negociando. Temos que dar preferência àqueles que saibam demonstrar nossos produtos e deixar os clientes satisfeitos. Aqueles que só pensam em preço, temos que nos afastar deles”.

Evidentemente, não é possível saber se a promessa será cumprida – nem sei se Perry fala em seu próprio nome ou representando uma estratégia da empresa (sou mais propenso a acreditar na segunda hipótese). Seja como for, o executivo toca numa ferida que, a meu ver, deveria preocupar toda a indústria. Cita até, como exemplo, um concorrente: segundo ele, a Panasonic precisa trabalhar com aquelas revendas que souberam demonstrar e vender a linha de plasmas Kuro, da Pioneer, que acaba de ser descontinuada. Ou seja, revendas realmente especializadas. E que, lá como aqui, a maioria dos fabricantes prefere ignorar.

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