A propósito da reflexão que fiz ontem sobre a ignorância nacional, li com prazer reportagem do Caderno Link, do Estadão, nesta segunda-feira, sobre Paulo Blikstein. Você provavelmente (assim como eu) não se lembra de ter ouvido falar dele. Trata-se de um engenheiro paulista que trabalhou no Media Lab do MIT (Massachusetts Institute of Technology), pesquisando novas tecnologias, e hoje dá aulas da Universidade de Stanford (Califórnia). Blikstein – este é o seu site – não é um engenheiro nem um professor comum. Inspirado no inesquecível Paulo Freire, o maior educador brasileiro, engajou-se numa parceria entre o Media Lab e a Prefeitura de São Paulo para dar aulas a jovens favelados. Isso mesmo: adolescentes que vivem na favela Paraisópolis, uma das maiores da capital paulista.

“Paulo Freire dizia que o conhecimento deve ser uma arma de transformação do mundo”, conta Blikstein, que em lugar das atuais aulas teóricas “e com problemas inventados”, defende que o aluno seja colocado para resolver problemas reais, de preferência problemas socialmente importantes. “As aulas passam a ter mais sentido na cabeça do estudante”, resume. Mesmo admitindo que a tecnologia não tem a resposta para todos os problemas, Blikstein se entusiasma ao falar de seu trabalho educacional. “A disponibilidade instantânea de informação está tornando a educação tradicional cada vez mais obsoleta”.

Toda quarta-feira, de sua sala na Califórnia, ele entra no Skype e se comunica com seus alunos em São Paulo, numa oficina de robótica montada no Colégio Santo Américo, próximo à favela. Há seis anos, a escola abre suas portas nesse dia para receber os jovens carentes. Mesmo estando longe, Blikstein não quer se desligar do Brasil: “Meu trabalho só tem sentido se eu puder ajudar a melhorar alguma coisa na educação do nosso País”.

Em outras palavras, um professor que faz mais pelo Brasil do que provavelmente todos os ministros e secretários da Educação. Juntos. Leia aqui a reportagem do Estadão.

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