A ordem partiu do presidente Lula, em reunião com ministros na semana passada: em 40 dias, ele quer um Plano Nacional de Banda Larga. O que seria isso? O site Tela Viva ouviu várias fontes – que naturalmente não querem se identificar – e a conclusão que se pode tirar é que ninguém no governo sabe a resposta. Ou, se sabe, não faz idéia de como colocar em prática essa idéia.

Resumidamente, Lula quer que até o final de seu mandato, em dezembro de 2010, todas as cidades brasileiras tenham conexão de banda larga. Ele não se conforma que países como Colômbia e Venezuela estejam mais avançados do que o Brasil nessa área. Para isso, está decidido até mesmo a reativar, se for necessário, a velha Telebrás, estatal que nos tempos do governo militar (e até uns 15 anos atrás) mandou e desmandou no setor. Eram aqueles tempos em que para se comprar uma linha telefônica entrava-se numa fila que demorava, às vezes, três ou quatro anos. Por incrível que pareça, mesmo estando semi-desativada (pois não foi extinta), a Telebrás tem hoje em caixa R$ 280 milhões para investir no projeto da banda larga. De onde vem esse dinheiro, é algo que só a burocracia estatal explica.

Outra idéia é chamar as concessionárias de energia, que agora podem implantar redes PLC, para colaborar no tal Plano. Há ainda redes de fibra óptica da Petrobrás e de Furnas. Segundo o ministro das Comunicações, Helio Costa, a idéia é criar a infraestrutura para que depois as operadoras de telecomunicações ofereçam o serviço de banda larga aos usuários de todas as cidades brasileiras. E, para garantir que seu sucessor não altere esse plano, Lula pretende incluir o projeto no orçamento federal de 2011, a ser aprovado em 2010.

A pergunta que não quer calar é: de onde virá o dinheiro para tudo isso? Diz o Estadão, citando fonte do Palácio do Planalto, que os cálculos preliminares apontam para um custo na casa de R$ 1,1 bilhão. O que é considerado café pequeno quando se sabe que somente o governo federal gasta hoje R$ 858 milhões por ano em serviços de telecomunicações. Outra fonte lembrou que esse seria um bom motivo para, enfim, serem usados os recursos do FUST (Fundo para Universalização das Telecomunicações), uma verdadeira caixa preta em que ninguém mexe – embora todos nós paguemos a nossa parte, mensalmente, junto com nossas contas de telefone.

Bem, este assunto é tão complexo que merece mais espaço, num dos próximos posts. Por ora, o que posso dizer é que se Lula conseguir fazer bom uso do dinheiro desse fundo já terá sido um grande benefício ao País. Mas vamos ter que continuar, literalmente, pagando para ver.

1 thought on “Plano Nacional de Enganação

  1. Caro Orlando Barrozo,sempre acompanho seus artigos tecnológicos na revista Home Theater e neste blog e gosto muito por me manter sempre bem informado. Ao ler este artigo senti a necessidade de colaborar de alguma forma. Pois bem, moro em Recife-PE e aqui como na maioria do Brasil, internet e democratização de banda larga são conversa fiada, o que se veem são os jovens pobres pagando R$1,50/hora nas lan houses(iniciativa privada fazendo o que o governo deveria fazer)para ter acesso à banda larga e os “mais abastados” com Oi Velox(aqui é o monopólio o principal responsável pelas baixas velocidades e má qualidade da banda larga, sem falar nos inúmeros bairros onde não há cobertura). Entretanto nos dois últimos anos o que está explodindo aqui na cidade são as antenas receptoras de microondas que operam na faixa dos 2.4Ghz, os “donos de Oi Velox” atrelam um roteador a uma antena transmissora e conseguem levar a um raio de até 3km (depende da potência do transmissor) o sinal, este é captado pelas anteninhas receptoras e assim se dá o milagre da democratização da banda ‘quase’ larga! Eles oferecem velocidades desde os 150kbps até 1mbps, o que custa de R$25,00 até os R$70,00, na operadora Oi Velox o custo seria de até 200% mais pelas mesmas velocidades. Uns dizem que isso é ilegal, que o suporte não é bom, não há segurança, etc., mas o fato é que as anteninhas já estão mudando a arquitetura das casas e provendo de internet rápida as clsses b, c e d. Acho que regularizar isso e oferecer pontos de acesso wireless confiáveis e mais rápidos seria a solução para médias e grandes cidades do Brasil, que cresceram desordenadamente e tem problemas geográficos difíceis de suplantar(edifícos, favelas,etc). Um grande abraço e parabéns pelo blog.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *