Centenas de jornalistas americanos preparam-se para a tradicional peregrinação de todo ano até San Francisco, Califórnia, onde no próximo dia 27 a Apple promete anunciar novidades. A empresa selecionou a dedo os convidados, esnobando diversos experts (levou o troco, em parte, com a atitude de Arthur Sulzberger Jr., editor-chefe do The New York Times, que simplesmente mandou avisar que não iria). Essa estratégia da empresa de Steve Jobs é conhecida: criar uma enorme expectativa por algo que às vezes nem merece tanto. Às vezes, claro. Os lançamentos do iMac e do iPhone aconteceram exatamente assim, e todo mundo viu o resultado: milhares de notícias na mídia mundial, num fenômeno inédito de propaganda gratuita que gerou vendas aos bilhões.

Já faz uns dois meses que a imprensa internacional especula sobre o que, de fato, a Apple irá aprontar desta vez. Já li de tudo: de uma nova versão do iPhone, com câmera HD, até um novo sistema operacional. As maiores apostas giram em torno do a esta altura já famoso tablet da Apple, cujo nome seria “iPad”. Fala-se num híbrido de smartphone com netbook, incluindo funções de leitor eletrônico para combater o Kindle, da Amazon, e a série de outros readers que estão chegando ao mercado. Sam Diaz, especialista do site ZDNet, descreveu em detalhes o que seria o misterioso produto. The Wall Street Journal revelou que soube de várias editoras que teriam sido procuradas pela Apple para negociar a liberação de livros, jornais e revistas que poderão ser lidos através do aparelho. E o site especializado Ziff Davies fez até uma pesquisa entre leitores para saber o que gostariam de ver no novo brinquedo da Apple, recebendo as mais incríveis sugestões.

Tudo especulação. De concreto, mesmo, apenas a agitação da concorrência diante da mera possibilidade de que a Apple venha a entrar no segmento de e-readers. A Amazon anunciou duas novidades esta semana que denunciam seu pavor: vai aumentar as porcentagens pagas a editores e escritores dos livros que vende para o Kindle; e liberou um kit para programadores e desenvolvedores criarem novos aplicativos para o aparelho, mesmo modelo adotado pela Apple e copiado por diversas outras empresas. Um ano atrás, ninguém poderia imaginar essas atitudes; a Amazon sequer aceitava conversar com os editores.

É isso que faz uma boa concorrência.

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