Imagine se você um dia acordasse sem o seu iPod e alguém colocasse em suas mãos um… walkman. Isso mesmo: um walkman, lembra? Pois foi assim que se sentiu a repórter Mary Pilon, do The Wall Stret Journal, ao ser escalada para testar a nova câmera da Polaroid, que acaba de ser lançada no mercado americano. Não, você não está lendo uma notícia dos anos 70 ou 80. A câmera acaba mesmo de ser lançada e a reportagem foi publicada pelo jornal há poucos dias.

Os mais atentos talvez achem estranho. Afinal, a Polaroid – que em certa época foi quase tão popular quanto o Fusca e a Coca-Cola – pediu concordata em 2007, sucumbindo à era da fotografia digital. As velhas máquinas que chamávamos de “instantâneas” – como esta ao lado – foram, literalmente, para o lixo. Eis que no ano passado a japonesa Fujifilm decidiu tentar seduzir os saudosistas lançando um modelo de câmera, a Instax Mini 7, que funciona exatamente igual: você bate a foto e esta é revelada na hora, pela própria câmera. Eu disse “revelada”? Será preciso explicar que antigamente as fotos precisavam passar por um processo químico (a “revelação”) feito em laboratório? Acho que não…

Ao ver sua velha criação de volta ao mercado, os donos da Polaroid propuseram à Fujifilm uma inédita parceria: os japonesas fabricam o produto e os americanos comercializam com sua marca, cuja lembrança continua forte na memória de muita gente. Dessa associação surgiu a Polaroid 300 (foto), versão renovada da Instax Mini, que está sendo vendida nos EUA pela pechincha de 89 dólares. Os parceiros encontraram até uma empresa da Holanda, chamada The Impossible Project, que fabrica o filme especial usado na camerazinha. Filme que, aliás, custa US$ 9,99!!! E que tem até um site para impedir que desapareça: chama-se savepolaroid.

David Miller, diretor da Polaroid, diz que a idéia é mesmo investir na nostalgia. Por isso, não há a menor intenção de promover upgrades tecnológicos na câmera. Alta resolução? Nem pensar. Fotos lavadas? As pessoas até gostam, justifica ele. E o que nossa querida Mary achou da experiência? “Foi como uma crise existencial digital”, ela resume.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *