O amigo João Carlos Jansen Wambier me envia o link para uma das noticias mais tristes das últimas semanas: as principais gravadoras estão preparando o fim da distribuição de CDs, talvez ainda este ano. Saiu no site inglês side-line.com, especializado no mercado de música, e foi confirmado por fontes (não oficiais) das empresas. O plano seria manter a produção de CDs apenas para edições especiais; discos “normais” seriam vendidos só por sites como Amazon.com e, claro, abandonando totalmente o conceito de “álbum” – o proprio usuario monta sua coleção de músicas de acordo com a sua conveniência.

Para quem é mais jovem, deve parecer que estou escrevendo a partir de outro planeta! De fato, hoje os downloads se tornaram tão comuns (“ubiquos”, como dizem os americanos) que a mera ideia de comprar um CD ficou fora de moda. Nem vou falar de pirataria: os sites de venda legal de música são cada vez mais acessados, inclusive aqui no Brasil, onde a loja iTunes estreou no final do ano passado. Com o tempo, deve acontecer com os CDs o mesmo que hoje vemos com os LPs, revigorados num segmento de nicho.

Já os veteranos como eu provavelmente se sintam desolados com a noticia. Sim, também baixo músicas na internet, onde aliás encontrei dezenas de canções que simplesmente haviam desaparecido do mercado de discos. Mas, como diz o João Carlos, a facilidade do download tira muito do prazer de se buscar um disco desejado. De certa forma, banaliza o ato de consumir música, roubando do usuario a noção de valor que deveria acompanhar uma boa obra musical. Pensando bem, talvez isso até tenha a ver com a má qualidade geral da música de hoje, em que qualquer rostinho bonito ou figura exótica é alçado à condição de “artista”.

Bem, mais um pouco nostalgia. Acabaram de chegar aqui em casa dois CDs que encomendei ainda antes do Natal e estou ansioso para ouvir: “Black Coffee”, de Peggy Lee, gravação do selo Decca em 1956, remasterizado em alta resolução (96kHz, 24-bit) e relançado pela Verve; e a edição de 50° aniversario de “Time Out”, com o quarteto de Dave Brubeck, em dois CDs que além do álbum original (incluindo a versão clássica de Take Five) trazem faixas gravadas no Festival de Jazz de Newport, nos anos 60, mais um DVD com trechos de shows, bastidores da gravação de “Time Out” (que durante anos manteve-se como o disco de jazz mais vendido da Historia) e um depoimento exclusivo de Brubeck – por sinal ainda ativo, aos 91 anos de idade, com o quarteto de cuja formação original ele é o único sobrevivente.

Onde encontrar essas preciosidades para download? E, encontrando, não seria um sacrilegio baixá-las para ouvir em MP3?

5 thoughts on “Será o fim dos CDs?

  1. Eis um assunto que merece boa discussão.

    Creio que o maior prejuízo recairá sobre o (des) respeito aos direitos autorais, um problema difícil de resolver.

    A população mundial deu um sonoro SIM aos downloads pela internet, e simplesmente tentar impedir isso é pura perda de tempo. Vejo governos e empresas muito preocupados em coibir a prática do que viabilizar soluções alternativas para a livre distribuição de conteúdo e ao mesmo tempo garantir a justa e merecida remuneração aos criadores.

    Voltando ao CD, entendo que o conceito de disquinho prateado girando sobre dispositivos eletromecânicos é mais que ultrapassado, e não há dúvida de que outras soluções tornaram o ato de ouvir música algo muito mais democrático e simples. Hoje é possível que se leve a música a qualquer lugar e em vários dispositivos, seja no celular, tablet, notebook, etc., algo impensável duas décadas atrás. E considerando que estamos falando de uma das mais antigas e nobres manifestações culturais, entendo que essa “banalização” é até certo ponto positiva.

    Eu, por exemplo, tenho um excelente CD player em meu rack, mas confesso que nem me lembro de quando foi a última vez que o liguei.
    Hoje já existem soluções de compactação que preservam 100% da qualidade de áudio. Tenho muitos arquivos em flac que, associados a bons players (JRiver + Reclock, por exemplo), rodam direto no notebook e fornecem altíssima qualidade. E o mesmo vale para o MP3 de alto bitrate.

    Se o problema é qualidade de áudio, atualmente o CD é perfeitamente dispensável e sinceramente não creio que fará muita falta. Já do ponto de vista da praticidade, ele foi superado faz tempo.

  2. Concordo com o Vinicius. O CD é só a mídia de armazenamento, a música é tão digital quanto o mp3. Daí surge a pergunta: por que então não vendem música num padrão de alta qualidade em vez de só em mp3? Deixem que o comprador decida onde guardar a música.

  3. Concordo com o Oziel. Intriga-me o fato de que não se encontram disponíveis para venda música em arquivos decompactados ou que ao menos preservem a qualidade original (Codecs como Flac, por exemplo). O dia que começarem a vender músicas com áudio de qualidade, para armazenarmos em servidores, o CD realmente ficará (ao menos para mim) totalmente dispensável. Abraço.

  4. e a arte grafica, as letras de musicas? perderam o valor? pensem nisto tambem? não há nada melhor que comprar um disco novo chegar em casa colocar ele todo pra rodar seja em CD ou VINIL e ficar vendo as fotos, a capa, lendo as letras, vendo a ficha tecnica. entre outras coisas direitos autorais, como e facil baixar um disco, quem vai querer pagar por uma mp3 se tem pra baixar em qualquer lugar? e complicado.

  5. eu desejo que isso nao aconteça jamais. me frustra pensar que , nao sendo mais lançados cds, perdemos parte dessa cultura e desas coisa maravilhosa que é ouvir musica de qualidade. Baixar da internet é pratico? buscar aquela musica naquele momento, entre uma lista enorme de arquivos é pratico ??? converter de outras midias para mp3 ou OGG ou qualquer outro fomrato é pratico ?? Eu prefiro a liberdade de tocar no disco , coloca-lo no player e selecionar a faixa que eu quero, ouvindo ela quantas vezes sentir vontade. E mais, cade o valor que temos que dar ao artista que produz essas musicas que tanto a gente curte ???? Eu desejo que o CD nunca deixe de fazer parte da vida das pessoas que curtem musica de verdade.

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