4G UK

 

 

O mais lamentável desse episódio envolvendo emissoras e operadoras de celular, em torno das frequências de 700MHz, é o fato de que o consumidor – a quem todos, principalmente governo, devem respeito – não está nem sendo avisado. É mais um caso que, se fosse num país sério, provocaria no mínimo demissões e pedidos de desculpa oficiais. Ao contrário: o problema foi detectado, mas a situação ainda pode ficar pior.

Para quem não vem acompanhando, a polêmica se refere a possíveis interferências da rede de celular 4G sobre os sinais de televisão digital aberta. Foi levantada pelas principais emissoras, ao descobrirem que a tal transição do sistema analógico para o digital pode não ser tão suave quanto se pensava. Os canais de UHF 52 a 69 (analógicos), que hoje ocupam a faixa entre 470 e 806MHz, serão digitalizados quando acontecer o chamado switch-off, desligamento dos transmissores analógicos das emissoras, que passarão a gerar apenas sinal digital. Isso está previsto para começar a acontecer em 2015. Como quer acelerar a implantação das novas redes 4G, a partir de 2014, o governo decidiu que as frequências ociosas serão destinadas às operadoras de celular.

Esqueceram apenas de verificar se isso era tecnicamente possível. Não é, dizem os japoneses da NHK, emissora que criou a TV de alta definição e o ISDB, sistema de TV digital do qual resultou o nosso SBTVD. As interferências do sinal 4G sobre o de televisão chegam ao ponto de tirar do ar alguns canais, em certos momentos. Técnicos brasileiros foram enviados ao Japão para examinar a questão de perto. Descobriram que o problema também ocorre na Europa, que utiliza um sistema diferente (DVB) e implantou a rede 4G sobre a frequência de 800MHz.

A solução, concluíram os técnicos, é a mesma adotada pelos ingleses: instalar um filtro em cada receptor de TV. Os receptores atuais, inclusive os dos TVs de última geração, não são compatíveis e certamente darão problema quando os celulares 4G estiverem funcionando. A SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão) fez as contas: no ritmo atual de crescimento nas vendas de TVs, chegaremos a 2018 com um total de 153 milhões de aparelhos instalados em todo o país. 153 milhões de receptores que podem falhar! Se na Inglaterra já foi complicado, imaginem aqui…

Sim, o assunto é polêmico e ainda vai gerar muita discussão, como já aconteceu, aliás, no Congresso da SET, realizado em São Paulo na semana passada. Os três lados – governo, emissoras e operadoras – debatem qual será a melhor maneira (ou a menos ruim) de explicar isso à população e resolver o problema de vez. E mais: quem irá pagar por esse prejuízo? Na teoria, as operadoras que ficarem com as redes 4G têm que arcar com o custo de eliminar as interferências.

Será?

1 thought on “Quem vai ficar sem TV?

  1. Olá Senhor Orlando Barroso .

    Entendi perfeitamente a matéria acima e ja havia lido o assunto no site revistahometheater .. , onde diz que ” o consumidor que adquiriu um televisor digital nos últimos anos , pode ser obrigado a trocá-lo no ano que vem. Isso, para evitar interferências causadas pelas novas redes de celular 4G, que – pelo cronograma do governo – devem entrar em operação em 2014. Fontes da Anatel já admitem que não há como impedir o conflito entre os dois tipos de sinal.”
    Eu fui incentivado com propagandas em varias mídias e principalmente pelo go verno Federal , que teriamos que se preparar para entrar na era digital, adquirindo seu televisor full hdd digital . Se eu tiver que trocar meu televisor , vou sim , por meios legais ,entrar na justiça pois alguem tem que se responsabilizar !! .
    Já pensou uma coisa ; vem ai imagens ultra HD , vc adquiri seu televisor com custos é claro e a empresa Y criou ,UMA NOVA TECNOLOGIA e essa tecnolgia X , tera interferencia nos televisores adquiridos em 4k e essa tv ultrahd , tera que ser trocada !! Uma piada isso e vergonhoso !!

    ABRAÇO A TODOS .

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