O desfecho do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral joga o pano que faltava sobre a credibilidade do Poder Judiciário brasileiro. Pode-se agora afirmar que nossos três poderes estão podres, variando apenas o grau de podridão. Caberá à população vigiá-los cada vez mais de perto.

A razão invocada pelo presidente do TSE, Gilmar Mendes, de que era preciso acima de tudo preservar a “estabilidade” do país, não se sustenta, pelo fato óbvio dos crimes cometidos, e com excesso de provas. Estaria o presidente da República isento de cumprir a lei como todos os cidadãos? O sempre lúcido Fernando Gabeira questionou brilhantemente o argumento em recente artigo. Vejam este trecho: 

“Estranha estabilidade a que nos oferecem os defensores da presença de Temer. Nos tribunais as provas não valem. Durante as investigações também pouco importam: em vez de se defenderem, os acusados passam a atacar os investigadores. A máquina do Estado volta-se contra as instituições que realmente estão trabalhando com seriedade, desvelando o esquema continental de corrupção”.

Se há instabilidade, e há mesmo, o maior responsável hoje é o presidente, com suas amizades suspeitas. A lista de amigos e colaboradores investigados, alguns já presos, é de tirar o fôlego. Neste sábado, o próprio Temer, anunciando que irá processar o ex-amigo dono da JBS, confirmou o conteúdo da famosa conversa noturna gravada – gravação esta que seus advogados até agora desmereciam alegando ter sido manipulada! De fato, estranha estabilidade…

Curioso que um ano atrás tornou-se consenso que Dilma era ingovernável e, portanto, insustentável. Ela e seu sucessor somam-se a um rol de mandatários que insistem em intimidades com bandidos, incluídos os cinco últimos presidentes (salvo, talvez, Itamar Franco) e muitos dos atuais governadores e prefeitos. O problema deles é que sociedade já não admite mais essas práticas.

Mas a praga se alastra perigosamente para o Poder Judiciário, como vimos na célebre sessão do TSE. Foi patético, para dizer o mínimo, o desfile de excelências rechaçando as provas fartamente coletadas e descritas pelo relator Herman Benjamin. O baixo nível desses magistrados, alguns sem conseguir construir uma só frase sensata em seus longos discursos, justifica o repúdio que se seguiu.

Nesse aspecto, tristemente, o Judiciário acaba se equiparando aos outros dois poderes. Só que os políticos serão julgados nas próximas eleições. Já certos juízes, e como terão chegado a seus postos (que, aliás, são vitalícios), talvez mereçam uma outra Lava Jato.

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