Imperdível o documentário exibido na semana passada pela Globo News, e disponível no Globosat Play (este o link), sob o excelente título “Fake News: Baseado em Fatos Reais”. Vale ver e rever, para tentar entender um dos fenômenos mais complexos do mundo atual, e que atinge todos os segmentos da sociedade. Os repórteres viajaram por vários países, entrevistando estudiosos e também pessoas envolvidas na criação e produção de notícias falsas. Descobriram que um dos “núcleos” fica numa pequena cidade da Macedônia, país pobre do sul da Europa, e é mantido por um grupo de adolescentes cujas armas são apenas o computador e uma boa conexão de internet. O depoimento de um deles é antológico.

Curioso lembrar que, embora o fenômeno tenha explodido mundialmente com a campanha eleitoral americana do ano passado (e a consequente eleição de Trump), nós, brasileiros, estávamos anos à frente em 2013/14. Na época dos protestos que tomaram as ruas, cresceram os sites de conteúdo político e/ou racial que espalham notícias falsas e acusações. Com a força das redes sociais, a prática viralizou, sustentada por políticos, partidos, igrejas, sindicatos, empresas e entidades nem sempre identificadas. Sua influência foi decisiva na eleição de 2014, tendo Marina Silva como maior vítima (e aqui não vai qualquer juízo sobre a candidata em si).

Se Obama, em 2008, foi o primeiro político famoso a usar a internet como instrumento de campanha (o que, aliás, foi comentado aqui neste blog),  os brasileiros – políticos, marqueteiros, comunicadores – vêm dando aula de fake news, como mostramos neste outro post, de 2012. Por isso, com licença dos leitores, reproduzo aqui um trecho do comentário que tem tudo a ver com o momento atual:

Cabe ao cidadão leitor, telespectador ou internauta cobrir-se de cuidados, mais ou menos como fazemos todos ao passar por uma rua escura. Desconfiar, sempre, daquilo que se ouve e se lê; procurar fontes diversas para se atualizar sobre cada assunto; comparar opiniões divergentes. Não é fácil hoje em dia, com a overdose de informações a que somos submetidos. Mas é a única maneira de não se perder no laranjal.

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