Relatório divulgado nesta terça-feira pela consultoria inglesa Futuresource revela otimismo com a recuperação da economia brasileira e, portanto, com o mercado de vídeo. Nessa classificação, os pesquisadores somam os segmentos de TV por assinatura, bilheterias de cinema, venda de discos (DVD e Blu-ray) e vídeo sob demanda, que naturalmente inclui o fenômeno Netflix. Em meio à confusão deste início de governo, parece haver um misto de análise com torcida para que o país de fato reaja. 

A pesquisa mostra, por exemplo, que os gastos dos brasileiros com vídeo em 2018 caíram 6% (US$ 5,5 bilhões), dos quais 77% se referem a TV por assinatura. É muito pouco para um país com PIB de US$ 3,4 trilhões, o maior da América Latina. Aí vêm os dados animadores: somos o país onde mais se vendem smart TVs e, no entanto, a penetração desse tipo de aparelho é de apenas 52%. Ou seja, quase metade das residências ainda pode ser conquistada se a economia voltar a crescer.

Banda larga é outro item de que somente metade dos brasileiros usufrui atualmente, e a previsão da Futuresource é um aumento para 60% até 2022. Outro motivo de otimismo: com a evolução da velocidade média das conexões para 14 megabits por segundo nos próximos três anos (hoje, temos ridículos 7Mbps), surgirão mais serviços digitais, o que deve ajudar a dinamizar a economia como um todo. Recentemente, a consultoria havia divulgado dados sobre o crescimento nas vendas de TVs OLED e 4K.

A pesquisa é também a primeira, que me lembre, a citar dados sobre o número de usuários do Netflix no Brasil. Como se sabe, a empresa americana não divulga seus dados por país, mas o pessoal da Futuresource estima, sem citar fontes, que 1,5 milhão de brasileiros aderiram ao serviço em 2018. Com isso, seriam 8,5 milhões de assinantes, número similar, por exemplo, ao do Reino Unido. Esses dois territórios são os maiores para a Netflix fora dos EUA.

O relatório prevê que as operadoras de TV paga continuarão perdendo clientes este ano, mas que o setor volta a crescer em 2020, com a recuperação da economia. A constatação é que muitos cancelaram as assinaturas por não conseguir mais pagar, não tanto pelo “efeito Netflix”, e que voltarão assim que recuperarem seus níveis de rendimento. E isso vale para todo o mercado de vídeo: dos US$ 5,5 bi de 2018, saltaremos para US$ 7,4 bi em 2022, diz o estudo. 

Não deixam de ser bons sinais, para quem viveu a angústia do período Dilma-Temer.

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