Nesta sexta-feira, em sua casa no Havaí, morreu Gordon E. Moore, um dos homens mais importantes na história da tecnologia. Para quem não o conhece, basta dizer que todos os aparelhos que usamos hoje contêm um pouco de seu trabalho. Moore fez parte da equipe que desenvolveu o transistor, nos anos 1950, e depois comandou o time de cientistas que inventaram o chip, que como se sabe é composto por uma série de transistores integrados.

As duas invenções vieram na sequência, e isso só foi possível porque Moore soube reunir os melhores profissionais da época e orientá-los no sentido de criar uma forma mais prática e barata de armazenar e processar dados. De quebra, foi uma espécie de “fundador informal” da região que hoje se conhece por Vale do Silício, onde estão as sedes das principais empresas de tecnologia do planeta.

Formado em Química e Física, Moore se definia como “empreendedor acidental”. De fato, depois de trabalhar um ano na equipe de William Shockley (Prêmio Nobel pela invenção do transistor), ele tomou em 1957 uma decisão que mudaria a história do mundo. Juntou-se a colegas que pediram demissão coletiva (Shockley era intratável…) e fundaram a Fairchild, que se tornaria embrião da Intel.

Tendo como sócio Robert Noyce (Nobel pela invenção do chip, juntamente com Jack Kilby, da Texas Instruments), Moore transformou a Intel na maior fabricante de semicondutores do mundo. Mais do que isso, criou uma cultura colaborativa e empreendedora, seguida por parceiros como Bill Gates/Paul Allen (Microsoft), Steve Jobs/Steve Wozniak (Apple), Larry Page/Sergei Brin (Google) e vários outros, tornando o Vale do Silício a grande Meca da tecnologia moderna.

Apesar de tantos feitos, Moore – morto aos 94 anos – sempre demonstrou incrível humildade, tanto em entrevistas quanto no trato diário com seus colaboradores. Exemplo: reconheceu um grande erro, nos anos 70, quando rejeitou sugestão de um assistente para que a Intel fabricasse seus próprios computadores – em vez disso, a empresa se manteve como maior fornecedora de todos os fabricantes que vieram depois.

Curiosamente, Moore é menos lembrado por suas realizações do que por suas previsões. A mais célebre delas, num artigo publicado em 1965: a capacidade de memória dos chips dobrará a cada 20 meses, e empresas que não levarem isso em conta estão condenadas a morrer. Era a chamada “Lei de Moore”, que somente agora, quase 60 anos depois daquele artigo, está exigindo uma revisão. A foto que abre este post foi tirada em 2005, na comemoração dos 40 anos da Lei.



Na verdade, Moore também previu, em 2005, o fim de sua “lei”, argumentando que a miniaturização física dos componentes não poderia durar para sempre. Quem sabe, nos últimos anos de vida, o homem – conhecido por sua voz baixa e nenhuma vaidade – não estivesse imaginando o que será do mundo agora que a Inteligência Artificial vai tomando conta de tudo, inclusive da própria fabricação de chips. Quem sabe…

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