É impressionante a facilidade com que certas pessoas se deixam levar por falsas promessas. Na overdose de informação sob a qual vivemos, qualquer novidade – especialmente tecnológica – é abraçada na hora por usuários incautos, alimentados pelas redes sociais e (infelizmente é verdade) pela dita “mídia especializada”. Esta, afinal, assim como as redes, é cada vez mais dependente de cliques.

Acabamos de saber, por exemplo, que o Metaverso – aquela descoberta fantástica que iria transformar nossas vidas (vejam este artigo de um ano atrás) – está sendo abandonado pelo Facebook, a própria empresa que inventou o, digamos, serviço (e que até mudou seu nome para… isso mesmo: Meta). Vejam os detalhes aqui. Nos últimos doze meses, cansei de receber convites para palestras e cursos, além de farto material escrito e em vídeo, sobre essa suposta oitava maravilha tecnológica!

Não digo que o mesmo irá acontecer com o Chat GPT, que comentamos pela primeira vez em janeiro, até porque se trata de outro conceito e com muito mais aplicações práticas que o Metaverso. Mas a euforia com que o pessoal está embarcando nessa nave recomenda cautela. O assunto está em todas as bocas, esmiuçado em análises de “especialistas”, enquanto aumenta exponencialmente a quantidade de pessoas a usar a ferramenta.

GPT-4 já escreve até livro

Google e Baidu, duas potências planetárias, acabam de lançar suas versões para concorrer com o Chat GPT, que já nasceu de mãos dadas com a Microsoft. Esta o incluiu em seu mecanismo de busca Bing, que tem a ambição  – nada modesta – de superar o onipresente buscador Google. E já foi lançado o GPT-4, atualização que segundo a OpenAI é capaz, por exemplo, de produzir uma receita de comida apenas com base numa foto dos produtos dentro de uma geladeira!

Reid Hoffman, fundador da rede LinkedIn, acaba de lançar um livro com o título “Amplificando Nossa Humanidade através da Inteligência Artificial” (tradução literal), que diz ser o primeiro “coescrito” pelo GPT-4 – sim, ele usou a ferramenta para pesquisar o tema e organizar as ideias do livro.

“Idiota e teimoso”

No lançamento do Bing com GPT, executivos da Microsoft ficaram sem palavras para explicar relatos de usuários que se disseram “ofendidos” pelo bot. Um deles contou ao site Ars Technica que, ao inserir um prompt (pergunta ou pedido ao GPT) e pedir mais explicações sobre a resposta fornecida, recebeu de volta a seguinte mensagem: “Você está parecendo idiota e teimoso”.

E, claro, não param de surgir denúncias de malwares e fraudes relacionadas ao uso indiscriminado do Chat GPT. Um deles, chamado Quick Access to Chat GPT, aparece em meio a posts patrocinados do Facebook: ao clicar, o usuário sem saber abre seus dados para o agente malicioso que tem o poder de transformar sua vida num inferno.

Não à tôa, a própria OpenAI, criadora do bichinho, está advertindo sobre os riscos envolvidos: invasão de privacidade, transmissão de conteúdos perigosos ou inadequados, indução a crimes e por aí vai. E com o alerta: não há como parar a expansão dessa… vá lá, praga. Quem se sentir prejudicado não terá a quem reclamar depois.

2 thoughts on “Chat GPT: cada vez mais confusão

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