Agora é oficial: as plataformas de streaming já atraem mais audiência do que os canais de TV (aberta e fechada). Isso, por ora, vale para o mercado americano. Mas, no Brasil e nas demais regiões do planeta, a tendência, aparentemente irreversível, é de que o streaming logo será o meio dominante de acesso a conteúdos de vídeo.

Os dados vêm da Nielsen, maior empresa de pesquisas do mundo, e referem-se ao mês de maio. Pela primeira vez desde que as medições começaram a ser feitas regularmente (2021), a soma das audiências de TV paga e gratuita ficou abaixo da soma das plataformas online: 44,8% a 44,1% (vejam o gráfico abaixo).

Lá, a TV aberta ficou com 20,1% de share, enquanto TV fechada (cable) teve 24,1%. O levantamento se baseia no tempo que os domicílios pesquisados dedicam a cada meio de transmissão utilizando aparelhos de TV. Nos últimos quatro anos, o percentual de tempo gasto com streaming aumentou 71%, segundo a Nielsen. E os dois principais responsáveis são velhos conhecidos: YouTube e Netflix.

Nessa mesma comparação 2021/2025, a audiência do YT subiu nada menos do que 120% entre os americanos. E YT, como sabemos, é a referência absoluta quando se trata de streaming gratuito. Até aí, nenhuma novidade. Segundo os pesquisadores da Nielsen, o detalhe é que o crescimento da mídia streaming se deve à maior oferta dos chamados canais FAST (Free Ad‑Supported Streaming TV).

Para quem não está familiarizado, esse é o jargão que define os serviços de vídeo online sustentados por publicidade. Quase todas as plataformas vêm adotando esse modelo, em que o assinante prefere pagar menos aceitando ver anúncios inseridos entre episódios de suas séries favoritas, e mesmo em intervalos de filmes como todo mundo se acostumou a ver na TV aberta.

Essa onda, é claro, faz aumentar o tempo que as pessoas dedicam a seus serviços preferidos, em prejuízo das emissoras tradicionais. Nos EUA, já existem mais de 2 mil canais FAST, com cobertura total de 48% dos domicílios. Os mais populares são Pluto TV, Tubi (da Fox) e Roku Channel (aqui, mais detalhes).

 

Samsung, LG, TCL, Globoplay e Cazé TV

 

No Brasil, os dados mais recentes são de janeiro, pelo Kantar Ibope: o streaming atingiu em 2024 a marca de 20,1% da audiência total de televisores. YT ficou com 12,6% desse bolo, com Netflix em segundo lugar (4,6%). Aqui, um dado relevante: muito desse crescimento se deve às campanhas publicitárias que as plataformas – especialmente Globoplay – têm feito através das mídias tradicionais, inclusive a TV aberta.

Nesse panorama, o modelo FAST cresce de modo um pouco diferente entre os brasileiros. Há, por exemplo, os serviços oferecidos pelos fabricantes de TVs, como Samsung TV Plus, LG Channels e TCL Channel. Sua estratégia é oferecer o máximo possível de canais gratuitos – o da TCL, que funciona dentro do sistema Google TV, já tem mais de 200 canais – e com isso aumentar as vendas de TVs.

E há fenômenos como Cazé TV, antes acessível apenas pelo YouTube, mas que agora é atração também no Samsung TV Plus, Amazon Prime Video e Mercado Play. Seu forte está nas transmissões esportivas ao vivo, em que muitas vezes chega a superar a audiência dos canais tradicionais.

Pago ou gratuito, e seja qual for a mídia, está mais do que evidente que o streaming vai se tornando a opção preferencial dos usuários.

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