
Um fenômeno de vendas está acontecendo no país, longe dos grandes centros urbanos. A procura por kits digitais para recepção de TV aberta via satélite, na modalidade TVRO (Banda Ku), disparou nos últimos anos. Segundo o site Teletime, já são cerca de 15 milhões de kits instalados em substituição às antigas parabólicas (Banda C).
Grande parte desse número se deve à política do Ministério das Comunicações, que privilegiou o repasse das frequências de TV na faixa de 3.5GHz para as redes de celular 5G. Com isso, os canais da Banda C, atendidos pelas parabólicas grandes, migraram para TVRO (TV Receive-Only), tecnologia ideal para cobrir as enormes regiões do país que têm dificuldade de acessar as redes de banda larga.
Desde 2021, o Minicom passou a distribuir gratuitamente os kits digitais, dando prioridade às famílias de baixa renda residentes em municípios não atendidos pelas operadoras. O sinal de TV aberta que chegava através das Banda C foi interrompido no ano passado, obrigando milhões de famílias a aderirem ao sistema digital. O processo conduzido através do programa Brasil Antenado foi finalizado em junho com mais de 5 milhões de kits entregues, segundo o Minicom.
TV 3.0 pode mudar o cenário
Fabricantes de receptores digitais TVRO vêm registrando vendas bem acima das expectativas, da ordem de 9 milhões de kits desde 2023. Puxada pelo agronegócio, que necessita do aparelho em regiões remotas, a demanda cresce também em função da maior oferta de conteúdo por parte das emissoras, que enxergam ali um grande mercado publicitário (aproximadamente 60 milhões de consumidores).
Com a chegada da TV 3.0, emissoras e fabricantes agora se mobilizam para tentar integrar o novo padrão DTV+ às transmissões via satélite. Segundo o site Tela Viva, o assunto foi um dos destaques do Congresso Latinoamericano de Satélites, realizado no Rio na semana passada, em que o presidente da SET, Paulo Henrique Castro, anunciou que esse trabalho de integração já começou.
O desafio é desenvolver receptores híbridos, embora o decreto da TV 3.0 não tenha especificado as regras para transmissão via satélite. Neste momento, os fabricantes pressionam a Anatel, o Minicom e o Fórum SBTVD a definir o mais rápido possível o dilema técnico. Yvan Cabral, da Vivensis, que já lançou um receptor híbrido, projeta vendas de até 2,4 milhões de aparelhos este ano.
Castro, que representa as emissoras, defendeu no evento a criação de “uma camada de software que permita aos radiodifusores entregar conteúdo em um formato e, sem importar para onde ele está indo, que a experiência seja completamente fluida”.
