Cantamos essa bola há quase dois anos, quando o governo anunciou a opção pelo padrão japonês de TV Digital. Na época, o ministro Helio Costa usou como argumento um suposto compromisso dos japoneses (particularmente da Toshiba) de instalar no Brasil uma fábrica de chips, que abasteceria os fabricantes de conversores e processadores.
Claro que era lorota, desde o começo a Toshiba deixou claro que não iria se comprometer com um projeto desses, sabendo que o mercado brasileiro não tem escala para fabricação de chips – pelo menos não para concorrer com os custos chineses. Agora, veio a confirmação: a Toshiba comunicou oficialmente que não irá entrar nessa. Quem deu a notícia foi o governador do Rio, Sergio Cabral Filho, que viajou ao Japão para tentar convencer a empresa a instalar a tal fábrica no seu estado.
Na Folha de S.Paulo, Elvira Lobato – que considero a melhor jornalista brasileira especializada em tecnologia – deu o furo: entrevistou Cabral por telefone, deixando furioso o Palácio do Planalto (leia o texto aqui). A ministra Dilma prometeu ir pessoalmente ao Japão em abril, para tentar reverter essa decisão, mas se for irá perder seu tempo. O Brasil perdeu o bonde tecnológico nos anos 80/90, quando poderia ter incentivado a instalação de fábricas de chips mas preferiu manter-se fechado, com a malfadada reserva de mercado de informática. Agora, é tarde.
Perdeu mesmo o bonde, Orlando, e acho que nunca mais o país consegue pegar outro. Naquela época, trabalhava em uma consultoria financeira no Rio e sei bem o que passei com a resesrva de mercado. De vez em quando recebíamos fiscais da receita que abriam as nossa gavetas no escritório para verificar o que tínhamos de equipamento de informática. Éramos tratados como criminosos! Agora é tarde, viva a economia de mercado e os países que sabem utilizá-la! Ficsmos para trás do mundo desenvolvido, com nossa estrutura tributária da idade média. Acabou, Brasil!