Uma das delícias de viajar, pelo menos para mim, é poder entrar em contato com a História do mundo. Lembro que, quando criança, meu pai me deu de presente o livro “História do Mundo para as Crianças”, de Monteiro Lobato. Viajei literalmente naquelas páginas, como se estivesse ouvindo ao vivo a voz de Dona Benta e os comentários espirituosos da boneca Emilia.

Pois é, agora estou “dentro” da própria História. Andando pelas ruas de Veneza, Londres e Berlim, cidades que visitei desta vez, foi como voltar aos livros escolares, só que agora ao vivo. É impressionante como os europeus preservam o seu passado, não por nostalgia, como alguns fazem no Brasil, mas para aprender com ele.

Quando você pergunta a um alemão sobre a História do país, ele normalmente desconversa: não é um assunto agradável. Mas Berlim talvez seja o melhor exemplo de preservação e reconstrução. Você pode caminhar sobre o trajeto do célebre Muro de Berlim, que foi mantido como referência para as novas gerações. No caminho, dezenas de fotos e relatos dessa verdadeira tragédia que se abateu sobre a Alemanha e o mundo nos tempos da Guerra Fria. Este site conta grande parte dessa história.

Os memoriais são de arrepiar. Checkpoint Charlie é o nome dado a um monumento que marca o ponto onde era possível fazer a travessia de Berlim Oriental (comunista) para Berlim Ocidental (capitalista), sob rígido controle policial. Soldados dos dois lados olhavam-se uns aos outros, e algumas fotos dão a impressão de que eles mal sabiam o motivo daquilo tudo. Fotos de Berlim destruída por bombas durante a 2a. Guerra também fazem parte da paisagem, assim como edifícios com quase 1.000 anos, que foram restaurados para que ninguém se deixe enganar pela memória.

E no Museu do Holocausto me arrepiei, mesmo sem ser judeu. Pode-se imaginar o que é para um alemão ouvir falar das atrocidades cometidas por seus antepassados. Mas o museu está em Berlim, só podia estar em Berlim.

No Brasil, sempre seguindo um modelo americano, costuma-se demolir os prédios antigos, como se eles estivessem atrapalhando o “progresso”. Na Europa, edifícios e monumentos “são” o próprio progresso. É o ser humano que, ao enxergar seu passado, pode ser capaz de construir melhor o seu futuro.

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