Talvez voltemos a falar da IFA aqui nas próximas semanas. Alguns produtos exibidos lá deverão chegar ao mercado em breve (outros, jamais: estavam lá só para demonstração mesmo). Mas, fazendo um balanço, agora que o evento chega ao fim, fica a impressão de que a indústria está olhando com mais interesse o mercado europeu. Até algum tempo atrás, parecia que a Europa era um mundo à parte, com seus padrões de conexão e voltagem específicos, quando o Brasil segue muito mais o modelo americano. E, afinal, os EUA são o maior mercado consumidor, e toda empresa de peso precisa estar lá.
Mas, nos últimos anos, a coisa vem mudando. Criou-se uma espécie de competição entre IFA e CES, e agora, com o mercado americano em crise, a IFA ganhou mais importância para os principais fabricantes. Não foi por acaso que Panasonic, Sony, Samsung, LG e Toshiba montaram em Berlim estandes tão grandes ou maiores do que montam habitualmente em Las Vegas. No mundo atual, tudo que se vende em euro dá mais lucro do que os produtos negociados em dólar, e só isso bastaria para explicar a mudança.
Mas tem mais. Quase todos os grandes fabricantes (incluam aí a Philips, que por ser européia já tem um histórico de apostar no mercado “doméstico”) estão montando ou já possuem fábricas nos países do leste europeu. Polônia, República Tcheca, Romênia, Croácia e seus vizinhos são países com mão-de-obra barata e estão bem pertinho daqui. Ano passado, visitando Praga, fiquei impressionado com a quantidade de produtos LG e Samsung nas lojas e com os outdoors nas ruas. Além da proximidade, esses países têm a vantagem de uma tradição cultural e educacional que o Brasil e seus hermanos latinoamericanos vão levar décadas para conseguir. Infelizmente.
Para os fabricantes, a IFA ainda tem o benefício de antecipar possíveis lançamentos para o final do ano. Muita coisa que vimos em Berlim poderá ser adquirida pelo consumidor no Natal. A CES? Bem, a CES continua sendo o evento mais badalado da indústria. Mas agora tem um concorrente de peso.
