O leitor Mario Azevedo, de Niterói (RJ), me dá uma ótima oportunidade – pela qual já agradeço – de esclarecer uma dúvida que é comum a muitas pessoas. Ainda a propósito do comentário que fiz aqui na semana passada, ele sugere ele que nós, editores de revistas, pressionemos os distribuidores para acabar com o eterno problema do atraso nas entregas. É uma preocupação válida, então merece uma explicação mais detalhada.

Como funciona o sistema de distribuição de publicações impressas no Brasil? Como em tantos outros setores, trata-se de um negócio extremamente concentrado. Existem apenas duas (isso mesmo: duas) distribuidoras capacitadas a fazer a entrega nacional, sendo que uma delas pertence à maior editora do País (a Abril). Evidentemente, todos os editores “independentes” preferem a outra distribuidora, para não correr o risco de ver suas publicações serem discriminadas – algo que, infelizmente, já aconteceu no passado. Como só há duas opções, não temos muito o que fazer a respeito.

Já a entrega dos exemplares de assinantes é feita, na maioria dos casos, por franquias dos Correios, cujos serviços são irregulares. Aliás, é por esse motivo, entre outros, que no Brasil a venda de assinaturas de revistas é pífia, se comparada ao que acontece em países com o mesmo nível de desenvolvimento. Leitores mexicanos, por exemplo, compram muito mais assinaturas do que os brasileiros, porque sabem que a entrega é certa (claro que existem problemas lá também, mas muito menores).

No Brasil, as pessoas temem pagar antes por algo que será entregue no futuro – no caso, mês a mês, com risco de chuvas e trovoadas. Uma enchente ou uma greve nos Correios, como já aconteceu várias vezes, derruba todo o sistema de entregas. E o editor nada pode fazer. Além disso, brasileiro tem o hábito de freqüentar bancas de revista, um tipo de negócio que está em extinção em quase todo o mundo. Por que? Virou um programa familiar ir à banca no sábado de manhã, já repararam? Lá, você compra um gibi ou um videogame pro seu filho, uma revista feminina para sua esposa, folheia as revistas com calma e ainda pode, se quiser, comprar pilhas, chocolates, DVDs e diversos outros artigos que nada têm a ver com o mercado editorial.

Felizmente ou infelizmente (depende de quem analisa), essa é a realidade do Brasil, e é com ela que temos de conviver. Converso sempre com amigos editores de outras publicações, e ninguém encontra uma solução. Só para dar um exemplo: nos EUA, existem pelo menos dez distribuidoras nacionais, o que gera uma saudável concorrência entre elas, beneficiando – em última análise – o usuário final. Aqui, isso é utopia, certo?

Pode acreditar, meu caro Mario, que nada nos deprime mais do que saber que fizemos uma ótima revista mas que ela não chegou às mãos dos leitores. Lutamos contra isso praticamente todos os dias. E vamos continuar lutando.

2 thoughts on “Assinaturas de revistas

  1. Olá.
    Gostaria de dizer que até hoje(20/07/09!!!!) a edição do mês de Julho ainda não chegou aqui em BH/MG.
    O atraso é recorrente, e já ocorreu da revista chegar no outro mês, ou mesmo não chegar!!!!
    É triste.

  2. Olá Alexandre,
    É triste mesmo, concordo com você. Este mês tivemos um atraso inesperado devido à gráfica, mas a maioria das bancas de BH recebeu na semana passada. Se a sua banca não recebeu, por favor reclame com o jornaleiro. E sempre que acontecerem atrasos, por favor entre em contato conosco.
    Abs, Orlando.

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