Quando estive no Japão, aprendi algumas poucas palavras locais. Uma das que não esqueci mais é “erebetu”. Tradução? Elevador. Como se pode notar, o som em japonês é bem parecido com o inglês “elevator”. Pois é, descobri que esse foi processo, muito prático, escolhido pelos japoneses para nomear palavras que têm a ver com a evolução tecnológica. Agora, aqui em Las Vegas, cidade invadida pelos japoneses (e orientais de modo geral) nesta semana de CES, a palavra que mais se ouve é: “sridí”. Adivinharam? É como eles se referem à tecnologia da moda, o 3D. Muito mais fácil de guardar do que o nosso quilométrico “terceira dimensão”.
Bem, mas deixando de lado as questões semânticas, tudo que se ouve e se lê por aqui, conversando com gente da indústria, tem algo a ver com 3D. Estamos diante de um fenômeno, acredito, que acontece poucas vezes na História das sociedades: uma inovação técnica tão atraente que pode mudar todo um segmento de mercado. Um não, vários. Se o cinema já descobriu que o 3D é uma das poucas maneiras – talvez a única – de resgatar aquele público que havia migrado para o DVD, a televisão está prestes a viver a mesma experiência. O sucesso do filme “Avatar”, todo produzido em 3D, pode ser exagerado; não assisti e, portanto, não sei se merece tudo isso. Mas é fato incontestável que as platéias do mundo inteiro estão redescobrindo o prazer de ir ao cinema. E isso tem muito a ver com as projeções em 3D, apesar daqueles óculos que continuo achando ridículos…
O cineasta James Cameron deu a senha há cerca de um ano, quando profetizou: depois do 3D, o cinema nunca mais será o mesmo. “Essa tecnologia irá nos salvar”, disse ele, que confessadamente tinha perdido um pouco o prazer de fazer filmes e agora quer voltar a fazê-los como no início da carreira. E isso é apenas o começo. Ver um filme, show, jogo de futebol ou mesmo um programa de TV, ou ainda jogar videogame, cada uma dessas experiências transforma-se totalmente quando se passa para o terreno do 3D. Na próxima Copa do Mundo, por exemplo, teremos a chance de saber como é assistir a um jogo de futebol em 3D – digo “teremos” porque espero poder assistir a pelo menos uma transmissão especial, já que, na prática, essa inovação ainda está longe da televisão brasileira.
Mas, nos EUA, quase todas as redes de TV já tratam o assunto como prioridade. Cansadas de perder audiência, elas também vêm nessa novidade uma ótima forma de trazer o público de volta. Disney, Fox, ESPN, Sky e DirecTV estão entre as que já prometem a novidade para o próximo verão. Ontem, tivemos aqui na CES o privilégio de assistir à primeira transmissão ao vivo de televisão HD em 3D, feita pela DirecTV e captada em aparelhos no estande da Samsung. Foi um momento histórico, sem dúvida. Vimos também uma demonstração da empresa chinesa TCL com TVs 3D sem óculos, inovação que agora pode ser retomada (na verdade, a Philips tinha essa patente, mas não quis bancar sozinha o altíssimo custo do desenvolvimento).
Com mais programas em 3D, as pessoas vão querer trocar seus TVs. Quem vê um filme em 3D sente impulsos de jogar fora seu televisor 2D convencional, por melhor que seja. Aqui em Las Vegas, temos assistido a trailers de vários filmes em 3D, e é um melhor que o outro: além do já citado “Avatar”, o novo de Jim Carrey, “Um Conto de Natal”, as novas versões de “Carros” e “Up”, desenhos animados geniais na concepção visual. Com certeza, Hollywood vai agora reprocessar todos os seus enormes arquivos de filmes para relançá-los em 3D. Fico imaginando como será, digamos, “Blade Runner” nesse formato…
Com mais filmes, animações, shows, concertos e seriados produzidos ou adaptados para 3D, irá crescer a demanda por novos conteúdos equivalentes. Os anúncios publicitários de televisão e cinema terão que ser criados dessa forma. E as emissoras precisarão produzir ou encomendar mais conteúdos em 3D, porque o telespectador irá exigir isso. Vai nascer (ou renascer?) uma nova indústria de entretenimento, capaz de gerar mais empregos e atrair mais capitais.
E pensar que tudo não passa de uma ilusão de óptica, uma forma encontrada pela tecnologia de “enganar” o cérebro humano.
A propósito, dêem uma olhada no nosso hot site sobre o assunto.
Desde de que li que o Sr. Cameron está querendo relançar o Titanic em 3D, que fiquei sonhando em ver o mesmo acontecer com a trilogia De Volta Para o Futuro.
Aliás, eu que sou fã do gênero aventura, acredito ser este (ao lado do sci-fi) o principal para uso desta tecnologia.
Muito boa matéria, gostaria de saber se as tvs 3d sem o óculos realmente são tão eficientes como quando o usamos.Sempre achei que o impacto era causado justamente pelo foco ser obtido proximo aos seus olhos. Não tive oportunidade de ve-la pessoalmente. Iniciei um blog a pouco, e publiquei uma idéia minha de como poderia ser uma TV 3D em alguns anos. Gostaria de saber sua opinião.
Sucesso!