Ainda sobre o tema dos TVs “inteligentes”, é evidente que exagerei ao dizer que esses aparelhos – vários já lançados no Brasil – simplesmente acessam a internet. Errado. São, na maioria, TVs avançados e preparados para uma série de outras funções. Na verdade, trazem embutido um verdadeiro computador, que o usuário não vê. Isso traz uma série de vantagens, mas também um problema.
Já que se propuseram a colocar um computador dentro do TV, os fabricantes aproveitam para rechear o software que faz funcionar esse computador. Por isso, alguns TVs vêm com a capacidade de receber sinais de várias fontes diferentes ao mesmo tempo, e processar esses sinais numa velocidade semelhante à que estamos acostumados na internet. Você pode ter, por exemplo, o TV conectado a sua rede de banda larga, ao receptor de TV paga, ao videogame, a uma câmera, ao Blu-ray ou DVD player, a um pen-drive e a um servidor doméstico (ou media center) – tudo isso simultaneamente. E, pelo controle remoto, “chamar” o conteúdo que quer ver a qualquer momento.
Mais: boa parte dos novos TVs estão saindo com o protocolo DLNA (Digital Living Network Alliance), que vai se tornando padrão para equipamentos residenciais. Todos os aparelhos com esse protocolo podem “conversar” entre si, permitindo transferir arquivos com relativa facilidade. DLNA é um dos padrões de conexão WiFi (sem fio) e tem se revelado tão eficiente que os principais fabricantes estão adotando. Com isso, você pode ter o TV de uma marca, o Blu-ray de outra, a câmera de outra e assim por diante, sem problemas de incompatibilidade na comunicação entre eles.
Bem se vê que para fazer tudo isso funcionar é preciso um computador – na verdade, um bom processador dentro do TV, que centraliza toda a operação. O detalhe é que essas coisas são incontroláveis: quanto mais aparelhos você tiver conectados, mais vai querer usá-los. E entupi-los de fotos, vídeos, músicas, dados de trabalho, o material escolar do seu filho etc. Fora as dezenas de conteúdos que cada fabricante ou emissora irá oferecer pela internet. Isso pode resultar em dois problemas: a capacidade do processador torna-se pequena para acomodar tudo; e a velocidade de acesso diminui com o tempo. É a hora do chamado upgrade. Os fabricantes vão ter que providenciar atualizações, ou – o mais provável – vai chegar um momento em que você mesmo sentirá necessidade de trocar seu TV por um novo, ainda mais avançado. É assim que se realimenta a roda da tecnologia.
Ah! Sim, falei lá no início sobre um problema de ter um TV com tantos recursos. O computador que está lá dentro é parecido com aquele outro que você já tem em casa. E, como tal, sujeito a travamentos. Quem tem um decoder de TV paga sabe bem do que estou falando: aquilo é um processador, com software e chips que às vezes falham. Nessa hora, não há muito o que fazer – no máximo, xingar a operadora. Mas esta nem sempre é a culpada. Processadores são assim mesmo. Portanto, torça para que o seu excelente TV, equipado com recursos de última geração, não venha a “dar pau” (como se diz na linguagem da informática) bem na hora do jogo do seu time.
Ufa!!! quanta evolução tecnológica acompanhada de muitos prováveis problemas, bem… é assim que o capitlalismo selvagem se alimenta (de supérfluos e mais supérfluos) de necessidades criadas. Na primeira crise econômica os consumidores recuarão e atraz disso vem uma onda de desemprego acompanhadas de outras ondinhas gerando crises econômicas que com o tempo serão superadas (deixando para traz alguns cadáveres de consumidores). VIVA O PROGRESSO !