O Arquivo Público do Estado de São Paulo liberou o acesso digital a uma preciosidade histórica: o que restou dos arquivos do extinto jornal Última Hora, o mais vendido do Brasil no período entre 1950 e 1964. Ao descobrir o link (clique aqui), fui correndo dar uma olhada nas imagens que mostram fotos marcantes e algumas das capas do jornal, que ficou famoso por dar apoio aos presidentes Getulio Vargas e João Goulart – e que acabou vencido pela ditadura militar. Seu fundador, Samuel Wainer, foi um dos jornalistas mais polêmicos do País. Morreu em 1980, quando era colunista da Folha de São Paulo (sua história é detalhada no livro “Minha Razão de Viver”, escrito em 2005 pelo jornalista Augusto Nunes, em colaboração com sua filha, Pinky Wainer).

Ao ver as páginas da UH, lembrei de uma saborosa história contada pelo jornalista Moacir Japiassu, ocorrida nos anos 50, quando o presidente da República era Juscelino Kubitscheck, o famoso “JK”. Wainer havia estabelecido uma rígida diagramação da primeira página do jornal, com chamadas curtas e fortes, apelando para o sensacionalismo. Ao dar notícia sobre uma crise diplomática entre o governo brasileiro e a ONU, no espaço exíguo de 3 linhas com apenas 3 caracteres cada, o redator saiu-se com esta:

JK:

ONU

NÃO

Um primor de síntese, que ilustra bem a criatividade que foi marca registrada do jornal.

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