Há cerca de dois anos, publicamos na revista HOME THEATER & CASA DIGITAL reportagem mostrando as novas formas de gravação digital e os vários software que permitem copiar e editar conteúdos baixados da internet. Nada que já não houvesse sido divulgado em outras publicações, apenas com a diferença de que organizamos as informações de forma didática, já que muitos leitores nos procuravam com dúvidas a respeito.

Na época, fomos bombardeados em carta enviada pela UBV (União Brasileira de Vídeo), representando os estúdios de cinema e suas distribuidoras de discos e fitas, que nos acusava, entre outras coisas, de “estimular a pirataria”. Como se sabe, o segmento de vídeo doméstico vive hoje a pior crise de sua história, com as vendas de DVDs despencando e as pessoas cada vez mais procurando seus filmes e shows em sites e serviços do tipo on-demand. Era o que estava previsto há mais de dez anos, desde que o MP3 derrotou o esquema das grandes gravadoras de música.

Hoje, no entanto, há um outro fenômeno acontecendo, e não se vê nenhum estúdio de Hollywood a combatê-lo. A própria indústria eletrônica trata de municiar o consumidor com novas formas de baixar, gravar, editar, copiar e distribuir conteúdos de vídeo e cinema. A Samsung, por exemplo, acaba de lançar no mercado internacional os primeiros players Blu-ray (foto) que também funcionam como gravadores de DVD. Basicamente, você coloca seu disco no aparelho e, com um ou dois toques, manda fazer uma cópia digital; esta fica armazenada no próprio player, mas pode ser copiada para reprodução em tablets, notebooks e outros dispositivos portáteis. Simples, não?

A ideia é que o usuário seja “dono de seu próprio conteúdo”, podendo levá-lo aonde quiser, segundo explicaram executivos da Samsung (o produto foi mostrado na CES, em janeiro). Sim, as cópias saem com o código de proteção UltraViolet, criado por alguns estúdios para impedir a duplicação ilegal. Mas nada impede que esse código seja quebrado no futuro, como já foram dezenas de outros do gênero.

Resumo: os interesses dos estúdios nem sempre coincidem com os dos fabricantes de equipamentos. Falar em pirataria, diante dessa constatação, chega a soar como piada. De mau gosto.

 

3 thoughts on “Quem é dono do conteúdo?

  1. Orlando, esse produto, pela praticidade que traz, permitindo que se transfira toda a coleção de DVDs para uma espécie de biblioteca (dvdoteca) digital, é muito interessante. Pretendo adquiri-lo assim que desembarcar no Brasil, pois tenho uma coleção muito vasta de DVDs. Tens alguma informação a respeito de possível lançamento e, em caso afirmativo, data de lançamento, deste aparelho em nosso país? Abraço.

  2. Não, Raul, infelizmente a Samsung ainda não divulgou seu cronograma para o Brasil. Estamos aguardando. Abs e obrigado pela mensagem. Orlando

  3. Acho que a unica maneira de minimizar copias, é deixar de existir qualquer tipo de mídias, existe um enorme contrassenso aí, é como ter um carro de alta performance e nao querer levar multa por excesso de velocidade.

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