Em entrevista ao site da consultoria internacional Frost & Sullivan, o diretor de marketing da operadora GVT, Ricardo Sanfelice, confirma que a empresa já tem tudo pronto para instalar sua rede de banda larga residencial e TV por assinatura em São Paulo. Na semana passada, a operadora divulgou ter chegado a um acordo com a Prefeitura paulistana, que estava vetando aspectos do projeto contrários a leis municipais. Mas, segundo o executivo, esses problemas já foram resolvidos. Faltaria agora “apenas” a aprovação final.

Coloco as aspas porque a maior cidade do país é um desafio para qualquer empreendimento. A quantidade de licenças exigidas é absurdamente grande, sem falar que o próprio traçado da cidade torna tudo mais complexo. Segundo Sanfelice, cada ponto onde seja feita uma construção para instalação da rede requer uma licença específica, tendo que passar por secretarias, subprefeituras, a Convias (departamento responsável pelo uso do solo), a CET (que controla o trânsito), os órgãos do setor de energia elétrica (pela lei, os postes são de responsabilidade da Eletropaulo) e por aí vai. Fico aqui imaginando a quantidade de documentos envolvida, e o número de pessoas necessárias para dar conta de tudo.

Sim, a GVT está chegando tarde ao maior mercado de telecom do país. E seus proprietários – os franceses do grupo Vivendi – sabiam disso quando pagaram US$ 2,9 bilhões pelo controle da empresa, em 2009, atropelando a concorrente Telefônica. Em meio à infinidade de postes e cabos que “embelezam” a cidade, não vai sair fácil instalar mais uma rede cabeada. Talvez por isso é que a GVT não esteja querendo se comprometer com prazos. Já opera hoje em São Paulo com banda larga corporativa e está presente em outras 137 com serviços residenciais. E planeja investir R$ 2,5 bilhões por ano até 2016, quando espera estar em 200 cidades. “Nossa prioridade é aumentar a cobertura dentro das cidades onde já estamos, com foco nos serviços triple-play”, diz Sanfelice na entrevista. “Mas, a longo prazo, o objetivo é ser a melhor operadora do Brasil.”

De acordo com a consultoria Teleco, a GVT vem tendo bom desempenho no segmento de banda larga. Acaba de entrar em Natal e já está presente em outras três capitais (Rio de Janeiro, Fortaleza e João Pessoa), além dos importantes mercados de Campinas, Sorocaba e Jundiaí, no interior de São Paulo. Com faturamento superior a R$ 2 bilhões por ano, e em expansão, seu valor de mercado é estimado hoje em US$ 10 bilhões. Como o Vivendi está em crise, com dívidas superiores a US$ 14 bilhões, há uma grande chance de que a GVT seja vendida nos próximos meses. Oficialmente, há quatro candidatos à compra: três fundos de investimento e a DirecTV, que já controla a Sky. Fala-se também em Tim, America Móvil (Embratel e Net) e a própria Telefônica. Mas, pessoalmente, não acredito que o Cade autorize a venda a um grupo do mesmo setor.

1 thought on “GVT, a caminho de São Paulo

  1. Espero que não façam como aqui em Recife e Olinda-PE, onde há muitas localidades onde os cabos de fibra passam em frente à rua de potenciais clientes, mas não podem ser servidos pela GVT, que afirma só poder instalar o link após aprovação da prefeitura. Confesso não entender isso, pois vários bairros de uma cidade são servidos e outros não, mesmo sendo de poder aquisitivo maior ou estarem mais próximos da central!? Ou eles subestimam a localidade e por ser um bairro menor ou a prefeitura coloca “impecilhos” demasiados, conhecendo o Brasil, devem ser as duas coisas! Ficam falando em vídeo no demand, pitava, como? Com essa banda estreitíssima do país? O governo é moroso com o pnbl e as empresas são aproveitadoras, principalmente Oi e Telefônica, anos de ganhos sem investimentos consistentes, é Brasil!

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