Em entrevista à Folha de São Paulo, na semana passada, o diretor-geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, deixa claro que a Netflix é o inimigo a ser batido. Enquanto a maioria das operadoras trata o assunto apenas em off (algumas sequer admitem mencionar o nome do site americano), a Globosat – que fornece os conteúdos às operadoras – não esconde a natureza da batalha. Segundo Pecegueiro, está para sair uma versão VoD do Telecine Play, que irá oferecer justamente o tipo de programa em que a Netflix fraqueja: filmes recentes. Seria um acordo com as produtoras de Hollywood, que assim ganhariam muito em exposição, reduzindo sua dependência em relação à Netflix (mais detalhes aqui).
Até hoje, a Globosat mantinha o discurso de que jamais iria bater de frente com as operadoras. Net/Claro, Vivo/GVT e Oi respondem pelo grosso do faturamento da programadora, que detém alguns dos canais de maior audiência e/ou apelo comercial (SporTV, Multishow, Telecine…). Quase todos esses canais já podem ser acessados online, gratuitamente, mas apenas pelos assinantes de uma operadora. Agora, a ideia é deixar que qualquer um acesse, pagando à própria Globosat uma assinatura mensal baixa, como acontece na Netflix. Ao jornal, Pecegueiro diz que a Globosat não vai “atropelar” a aliança que mantém com as operadoras.
Será curioso ver o modelo proposto pela Globo, que já lançou o Globo Play (para conteúdos da rede aberta – leiam aqui) e que prevê serviços de VoD similares em esportes (Premiere), shows (Multishow) e até séries nacionais, conteúdos que a Globo domina como poucas redes no mundo. Curiosamente, a entrevista saiu às vésperas da estreia de 3%, primeira série produzida pela Netflix no Brasil. Semanas atrás, o fundador da empresa americana, Reed Hastings, deu entrevista à própria Folha de SP citando suas negociações para exibir conteúdo da Globo. “Eles não licenciam conteúdo para a Netflix, nos vêem como concorrentes, o que é justo”, disse ele. “É como dois times competindo”.
Esse campeonato está apenas começando.