Nesta quarta-feira 29, devem ser desligados os transmissores analógicos das redes de TV aberta, consumando o chamado switch-off em grande parte do estado de São Paulo. Isso é o que diz o cronograma. Mas, faltando três dias, não é possível afirmar que assim será. Continua a disputa de bastidores entre representantes do governo, das emissoras e das operadoras de telefonia celular, estas ansiosas para colocar no mercado as novas linhas 4G, que utilizarão as frequências na faixa de 700MHz ocupadas pelos canais analógicos.

A situação é tão confusa que ninguém sabe ao certo quantas famílias serão afetadas – tudo que se tem no momento é suposição, ou “estimativa”. À primeira vista, quem possui TV paga não tem muito que se preocupar: Net/Claro, Sky, Vivo e demais operadoras se incumbem de digitalizar o sinal das redes abertas. Mas, nesta semana, surgiu um ruído. A Net/Claro, que detém 58% do segmento, anunciou não ter chegado a um acordo com as redes Record, SBT e RedeTV, que querem cobrar pela distribuição de seus sinais. Ou seja, seus assinantes ficarão sem esses canais – como adiantamos aqui semanas atrás. Só conseguirão captar as três redes utilizando antenas e receptores digitais à parte.

O colega Fernando Lauterjung, do site Tela Viva, contou os detalhes dessa disputa. Mas a confusão vai além. As emissoras só aceitam desligar os transmissores analógicos quando (e se) pelo menos 93% dos domicílios estiverem sendo atendidos, ou seja, com receptor de TV e antena compatíveis. Pelos cálculos disponíveis, isso não acontecerá antes de maio, quando o governo diz que pretende finalizar a entrega dos kits às famílias de baixa renda, que no Estado somam perto de 2 milhões.

Além da perda de audiência para as emissoras, o desligamento do sinal analógico – se ocorrer – pode significar sérios prejuízos ao governo, cuja popularidade, como se sabe, já não é lá essas coisas. Alguém consegue imaginar o que é, numa família pobre, ficar de repente sem TV? Veremos a partir do dia 29?

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