Comentamos aqui na semana passada sobre os desafios do padrão 8K, apesar de toda a badalação na CES, e a novidade é que foi fundada a 8K Association, mais um consórcio – entre tantos na indústria eletrônica – para tentar normatizar e promover essa tecnologia. Curiosamente, será um colega jornalista (Chris Chinnock, editor do ótimo site Display Daily) o diretor executivo da entidade.
Chris é certamente um dos principais formadores de opinião no segmento, e isso desde os tempos dos projetores de três tubos! Mas sua tarefa é das mais inglórias. A 8K Association (8KA) foi fundada por cinco grandes: a coreana Samsung, as chinesas AUO, Hisense e TCL e a japonesa Panasonic. Sony e LG, portanto, não quiseram embarcar de início, o que é no mínimo estranho, principalmente no caso da Sony, que vem fazendo grande alarde em torno do 8K desde o ano passado.
Enfim, a missão do consórcio se divide entre os aspectos técnicos da tecnologia, os esforços de marketing para torná-la conhecida e confiável, e o trabalho educativo junto a consumidores e profissionais do mercado. Chris sabe disso e em sua apresentação enumera com sinceridade rara as ações que pretende adotar. Abaixo, transcrevo os trechos mais interessantes. E só posso desejar a ele boa sorte!
“Sei que muitos estão em dúvida quanto à necessidade do 8K. Entendo perfeitamente. Existem preocupações válidas e também resistências legítimas. Não acho que a 8KA deva ser simplesmente um instrumento para a indústria empurrar ao consumidor um produto que ele não quer. Ao contrário, nossa missão é ouvir as críticas e tentar encontrar soluções para elas.
“Certa vez, ouvi o escritor Jay Baer, autor do livro Hug Your Haters (“Abrace os que te Odeiam”), dizendo que mesmo os piores críticos podem nos levar a melhorias em nossos produtos ou serviços. Às vezes, pode ser duro ouvir críticas, e sempre existem os estúpidos, mas acredito sinceramente que a evolução vem de nossa capacidade de satisfazer aqueles que nos detestam.
“Será que o 8K seguirá os passos da adoção do 4K? Existem algumas diferenças, como o fato de estarem sendo construídas novas fábricas, capazes de produzir painéis maiores do que 65 polegadas, e a custo mais baixo. No caso do 4K, a indústria definiu o tamanho de 55″ como padrão, e agora as empresas de pesquisa prevêem que até o final de 2019 quase todos os TVs acima de 50″ serão 4K. Talvez, em 6 ou 7 anos, ocorra o mesmo com 8K tendo como base painéis de 65”.
“A adoção do 4K contou com a ajuda dos novos codecs (HEVC e VP9), agora já se trabalha no desenvolvimento do VVC (Versatile Video Codec) e do AV1. O custo de produção do 8K será bem mais alto, mas isso também aconteceu quando se comparava 4K com 2K. Os serviços OTT contribuíram muito para o sucesso do 4K, e achamos que isso irá se repetir agora, mas precisamos ainda conversar muito com os provedores para entender suas necessidades.
“Um fator essencial será o uso de sofisticados algoritmos de inteligência artificial (IA) para garantir a qualidade do upscaling de conteúdos de baixa resolução, inclusive SD e HD, para 8K. As limitações de banda introduzem os chamados artefatos no processo de encoding.
“Emissoras e produtoras de conteúdo não abraçaram o 4K como se esperava, e nada indica que o farão com 8K. A não ser em eventos especiais, como o Super Bowl e as Olimpíadas. Aliás, em breve haverá uma boa oferta de câmeras 8K profissionais.
“Nem Blu-ray nem o novo padrão americano ATSC 3.0 adotaram 8K até agora, e há vários outros aspectos dessa transição que precisam ser analisados. Este é o começo do começo. Mas lembrem-se de 2012/13, quando tínhamos o começo do começo do 4K. No fim, deu tudo certo. Será que a história se repetirá? Aguardo seus comentários”.