Meu ex-colega de redação Ruy Castro se divertiu muito esta semana, em sua coluna na Folha de São Paulo, ao zombar daqueles (nada, nada, apenas alguns bilhões de pessoas mundo afora) que perderam o rumo na 2a feira com as panes no Facebook, Instagram e principalmente WhatsApp. Ruy se orgulha de dizer que não usa redes sociais e nem tem celular, o que o coloca na condição de “animal em extinção”, como ele mesmo já se definiu.

Como uso as redes moderadamente (tanto quanto possível), o incidente não me causou maiores transtornos. Mas claro que fiquei com pena dos profissionais que, por exemplo, dependem do WhatsApp para seu sustento: entregadores, vendedores, pequenos comerciantes etc. E as reações, algumas iradas, ao problema nas empresas de Mark Zuckerberg mostraram que, sim, muita gente está viciada em rede social, e nem sempre por motivos nobres como defender o pão de cada dia.

De novo, surgiram “xerifes digitais” condenando a tecnologia e até pedindo punições para Mr. Zuck. Claro, Facebook e demais gigantes online têm grande responsabilidade pela propagação de fake news e até a proliferação de quadrilhas virtuais, como temos visto a toda hora. Recentemente, o Wall Street Journal publicou uma série incrível de reportagens sobre os bastidores do FB, com dados que estão alimentando uma ampla investigação no Congresso dos EUA; esta semana mesmo, uma ex-funcionária da empresa depôs contando novos podres (vejam aqui).

Alguns comentários que li criticando as redes sociais me fizeram lembrar uma velha piada, que volta e meia circula na internet, a propósito de uma fala infeliz de Bill Gates nos anos 1990. Numa conferência, o fundador da Microsoft desancava a indústria automobilística: “Se a GM utilizasse a tecnologia da indústria de computadores, estaríamos hoje dirigindo carros que custariam 25 dólares e fariam 1.000 milhas com um galão de combustível”.

No dia seguinte, a GM soltou nota de resposta, dizendo que se usasse a mesma tecnologia da Microsoft os carros atuais teriam as seguintes características:

1.Duas vezes por dia, e sem razão aparente, seu carro deixaria de funcionar;

2.Toda vez que as faixas de trânsito pintadas nas ruas fossem alteradas, você teria que comprar um carro novo;

3.Seu carro também poderia pifar de repente no meio de uma estrada, e você teria que parar no acostamento, fechar todas as janelas, religar o motor e reabrir as janelas antes de seguir viagem;

4.De vez em quando, ao fazer uma manobra seu carro iria apagar e você teria que reinstalar o motor;

5.A Apple construiria um carro movido a energia solar, cinco vezes mais rápido e muito mais fácil de dirigir – e que só poderia ser usado em 5% das ruas.

6.As luzes indicadoras de óleo, temperatura e alternador seriam substituídas por um aviso: “Este carro realizou uma operação ilegal”;

7.Em caso de acidente, o airbag perguntaria ao motorista: “Tem certeza de que quer me acionar”?;

8.Toda vez que fosse lançado um carro novo, os motoristas teriam que reaprender a dirigir, pois os comandos e controles funcionariam diferente do modelo anterior.

Pois é, e ainda dizem que a culpa é da tecnologia.

1 thought on “Pane nas redes e as “culpas” da tecnologia

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