Não houve acordo: a Comissão Europeia confirmou a decisão anunciada em outubro, de proibir – a partir de março – a venda de TVs que têm alto consumo de energia. Leia-se: TVs 8K e alguns modelos OLED de tamanho grande. Apesar de todos os esforços dos fabricantes e suas associações, a CE foi irredutível, justificando que sua política de redução do consumo de energia é o mais importante.
É bom esclarecer que a venda dos TVs citados não estará proibida. Foram fixados os limites de consumo conforme o tamanho de tela: 116W para modelos até 65″, 141W para os de 75″ e 169W nos de 85″ ou mais. Como explicamos em outubro (vejam aqui), esses valores foram calculados com base em modelos antigos de TV, comercializados até 2017. Mesmo assim, a CE não achou relevante atualizar os dados para modelos comercializados hoje.
Fato é que o continente europeu representa um mercado considerável para a indústria de TVs quando se trata de resolução 8K. Segundo a consultoria especializada DSCC, foram 114 mil unidades vendidas em 2021 (31% do total mundial). A demanda aumentou significativamente com a pandemia, embora tenha caído bastante depois. Este ano, com a inflação e a Guerra da Ucrânia, as vendas de TVs em geral despencaram na Europa.
Nenhum fabricante se posicionou até agora sobre o que será possível fazer diante das restrições. O especialista Bob Raikes, que é consultor de várias empresas e editor do site Display Daily, cita duas possibilidades. A primeira seria reduzir o nível de brilho dos painéis, algo que, segundo ele, já é feito por fabricantes como a Sony.
Uma alternativa, diz Raikes, seria remover o tuner de canais das TVs e vendê-las simplesmente como monitores. Mas ele mesmo admite que nem consumidores nem o varejo aceitariam essa segunda hipótese.
Nos bastidores do mercado, aguarda-se as manifestações das principais marcas, notadamente a Samsung, que é líder mundial. A indústria como um todo teria que repensar seus processos de fabricação e logística, produzindo modelos específicos para a Europa. Ou então abrir mão de grande parte dos benefícios da resolução 8K, que está justamente no altíssimo nível de detalhamento das imagens baseado no máximo aproveitamento tecnologia HDR.
O problema é que, sem isso, um TV 8K fica praticamente igual a um 4K.