“Fake News mata”, já se dizia na época da pandemia. É impossível saber quantas das mais de 700 mil pessoas que morreram no Brasil naquele período poderiam ter sido salvas, não fosse a vergonhosa campanha de disseminação de mentiras incentivada pelo governo da época. Isso, porém, é passado, por mais cruel que possa ter sido para as famílias envolvidas.
Tanto sofrimento serviu, pelo menos, para abrir os olhos de muita gente sobre o que representa, e que males pode causar, o fenômeno das fake news. Por isso, nos aliamos à campanha iniciada por um grupo de entidades da área de comunicações, começando pelo cartaz acima. Substituiu-se o “Fake News mata” por “Diga Não às Fake News”. Ou seja, parte-se do princípio – correto – de que, se as pessoas pararem de compartilhar notícias falsas, o problema se torna bem menos grave.
A “arma” que mata agora é o celular, a ferramenta de comunicação mais usada por quase todo mundo . É ele que dá acesso aos grupos de WhatsApp e às redes sociais, terrenos onde as mentiras se espalham mais rapidamente do que os próprios vírus. Quem aí ainda não recebeu um vídeo de um amigo ou parente com imagens escabrosas ou comprometedoras sobre um político ou artista? Ou compartilhou notícia “exclusiva” que depois se provou inverídica?
Com a chegada da Inteligência Artificial, o problema só tende a se agravar. Textos podem ser reeditados pelo algoritmo para dar a entender coisas que o autor sequer cogitou. Aplicativos permitem manejar fotos e vídeos com tal precisão que você pode jurar estar vendo algo real na tela. Rostos e corpos podem ganhar novas dimensões, tornando pessoas mais feias ou bonitas conforme o gosto do “artista” – assim são chamados os que dominam essa manipulação.
Só que informação manipulada mata, seja numa pandemia ou numa guerra, como estamos vendo em Gaza, Ucrânia e Venezuela. Cabe a cada um de nós, como produtores e/ou consumidores de informação, redobrar os cuidados para não aceitar fake news, não compartilhar e, sempre que possível, denunciar.