Dois canais de TV 24hs por dia dedicados a conteúdos com sinal de vídeo HDR e áudio Dolby Atmos. Começou esta semana na rede francesa CANAL+, a partir de um acordo especial com a Dolby Labs. Segundo a emissora, até o final do ano as transmissões serão permanentes, com filmes e as principais competições de futebol, como Champions League e Premier League, além de corridas de F1, em Dolby Atmos e Dolby Vision.
O acordo é importante porque, além de ser o primeiro na Europa (o CANAL+ chama de “revolução”), indica uma tendência internacional, algo que deverá ser comum nos países que adotarem a TV 3.0. No Brasil, por exemplo, áudio imersivo e vídeo UHD (4K e até 8K) fazem parte do padrão que acaba de ser proposto pelo Fórum SBTVD (aqui, os detalhes); na verdade, eram requisitos do decreto inicial que determinou a mudança de padrão.
Com o aumento nas vendas de TVs compatíveis, as telas grandes das principais marcas, observa-se que o sinal gerado pelas emissoras – tanto abertas quanto fechadas – não aproveita toda a capacidade dos receptores. Notem que, no streaming, já é comum encontrar filmes, séries e eventos ao vivo em Dolby Atmos. O Rock in Rio que acontece agora está sendo captado em Atmos e 4K HDR, e transmitido pela Globoplay com a máxima qualidade possível de som e imagem.
Gargalo está no vídeo, não no áudio
Na verdade, a Globo já vem utilizando áudio imersivo há algum tempo no sinal aberto – embora, claro, restrito a alguns conteúdos especiais (Carnaval, Copa do Mundo etc). A novidade da CANAL+ é oferecer esses avanços 24h por dia, com conteúdos produzidos para que o assinante tenha a experiência completa. Segundo o amigo Daniel Martins, da Dolby, os equipamentos atuais usados no Brasil oferecem fluxos que atendem qualquer demanda, incluindo mixagem Atmos ao vivo e processamento de áudio tridimensional a partir de sinal 5.1 ou até estéreo.
Vale lembrar que o gargalo para levar esses conteúdos a mais pessoas não está no áudio, que ocupa uma faixa pequena da banda disponível, mas no vídeo. Como sabemos, um sinal 4K consome muito mais da banda larga (mais ainda se for codificado em HDR); milhões de pessoas assistindo ao mesmo tempo sobrecarregam a plataforma; numa transmissão ao vivo, o estreitamento da infraestrutura da rede é ainda maior. E, ao contrário do que estamos acostumados no streaming de filmes, por exemplo, ninguém admite que o sinal caia (ou trave) numa decisão de futebol.
Por fim, há a questão das TVs compatíveis. Alguns modelos premium ficam devendo no áudio porque não fazem o processamento Dolby Atmos, apenas conduzem o sinal (via HDMI eARC) para um dispositivo externo, normalmente uma soundbar ou receiver compatível. Sobre isso, falaremos mais num próximo post.