A propósito do post anterior, tivemos esta semana uma interessante discussão entre colaboradores da revista HOME THEATER&CASA DIGITAL, sobre uma questão levantada em artigo da excelente publicação americana Home Entertainment. Tema: será que o Blu-ray realmente vale a pena? O comentário referia-se aos processamentos de áudio disponíveis no formato: TrueHD, da Dolby, e Master Audio, da DTS. Até que ponto esses padrões são mesmo superiores ao Dolby Digital e ao DTS convencionais?

Foi o que se perguntou o editor de testes da revista, David Birch-Jones, que passou dias comparando equipamentos e ouvindo discos. Conclusão dele: há pouquíssima diferença (leia aqui o artigo). Isso nos levou (eu, Vinicius Barbosa Lima, Daniel Serrano e o velho amigo Julio Cohen) a trocar alguns e-mails discutindo se, na verdade, tudo não passa de marketing. Não tem a ver apenas com Blu-ray, é claro, vale para praticamente tudo em tecnologia. Daniel, por exemplo, que por anos foi executivo da indústria, lembra-se de pesquisas das quais participou onde a maioria das pessoas simplesmente não percebia diferenças que, aos puristas, pareciam transcendentais. O mesmo pode estar acontecendo agora, ou seja, o Blu-ray traz recursos que, na prática, poucos vão poder usar – porque não percebem.

Essa discussão é muito interessante porque nos leva a pensar sobre o verdadeiro sentido e os limites da tecnologia. No post anterior, comentei sobre os displays 8K, que oferecem imagem 16 vezes (!!!) melhor do que o Blu-ray. Não caio na armadilha que percebo em alguns leitores, ao criticar o Blu-ray e outras novidades por seus altos preços. Ora, toda inovação tecnológica custa caro; algumas levam mais tempo para baratear, outras menos. Mas reclamar da indústria por isso me faz lembrar aquela velha história: não é o produto que é caro, nós é que ganhamos pouco… No caso, vale acrescentar: no Brasil, todos pagamos muito caro por tudo, porque o governo recolhe para si 50% de tudo que se paga.

Enfim, gostaria de continuar a discussão. É sempre bom discutir com pessoas inteligentes e bem informadas (e sem preconceitos). Para quem quiser entrar no debate, um bom começo é ler estes artigos:

Do tubo às telas finas, a evolução do TV

High-end com estilo e beleza

Home Theater: onde menos significa mais

Vale a pena ser o primeiro a comprar as novidades?

2 thoughts on “Os limites da tecnologia

  1. Se refletir um pouco, onde está a qualidade numa música em MP3 e mesmo assim é o maior sucesso entre todos.
    Será que avanço da tecnologia não é só qualidade mas sim simplesidade e facilidade de uso?

  2. Caro Orlando:

    Sobre a matéria da Home Entertainment, há muito tempo que desconfio da objetividade de determinadas análises que leio nas revistas especializadas a respeito das dramáticas diferenças encontradas nas comparações entre cabos de áudio, cabos de alimentação e outras coisas desse tipo.
    Sobre o assunto codecs de áudio, já li várias análises enfatizando a grande superioridade do Dolby TrueHD e do DTS HD Master sobre o Dolby Digital e o DTS. Muitas dessas análises foram feitas utilizando equipamentos bem mais modestos do que os usados pela Dolby e pela DTS nas comparações citadas pelo autor da matéria da Home Entertainment, o que deveria tornar ainda menos perceptíveis as diferenças entre as versões lossless e lossy dos sistemas da Dolby e da DTS.
    Diante disso, a conclusão a que se chega é que quando as diferenças são facilmente perceptíveis, elas se devem muito mais ao mal tratamento dado à produção da trilha sonora lossy do que a uma grande superioridade dos formatos lossless.
    A matéria da Home Entertainment também não deixa claro que as versões do padrão HDMI anteriores à 1.3 são também compatíveis com o Dolby TrueHD, o Dolby Digital Plus e o DTS HD Master. A diferença está apenas em qual o aparelho que faz a decodificação – o player Blu-Ray ou o receiver (ou processador), conforme a explicação dada no site HDMI:

    Q. Do I need v1.3 HDMI to hear the new Dolby TrueHD and DTS Master HD audio content on HD-DVD or Blu-ray players?

    No. The Dolby TrueHD, Dolby Digital Plus, and DTS-HD Master Audio can be decoded by the playback device into multi-channel Pulse Code Modulation (PCM) digital audio streams, which is an audio format standard that can be sent over any version of HDMI. In fact, all versions of HDMI can support up to 8 channels of PCM audio at 192kHz, 24 bits per sample.

    To do this, consumers should ensure that their playback device (such as HD-DVD or Blu-ray player) is capable of decoding these new lossless Dolby & DTS audio formats into the PCM format on the HDMI output, and that the audio device (such as an A/V receiver) is capable of receiving multi-channel PCM audio over the HDMI inputs. Consult your user manual/product specification sheet to determine whether your device supports such PCM capabilities (we believe that nearly all HD-DVD and Blu-ray players will, but users should confirm this). Devices that support HDMI v1.3 and higher may also offer the option to transport the high definition audio formats as a compressed, encoded stream over HDMI so that the decoding function can be performed by the A/V receiver (whereas the above transport method has the playback device performing the decoding).

    Um abraço

    João Carlos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *