Paul McCartney, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Paulinho da Viola, Brian Wilson: o que há de comum entre esses gênios da música? Sim, todos nasceram no ano de 1942 e, portanto, estão completando 70 anos em 2012. Parece banal, mas aí está um fato que sempre me chamou a atenção. Alguns anos parecem ter sido abençoados. 1918, 1945, 1955, 1962 e 1968, por exemplo, ficaram marcados por uma série de acontecimentos que mudaram a História – dizem até que alguns deles sequer terminaram, mesmo já tendo se encerrado, pela folhinha, há décadas. Mas tantas mentes brilhantes vindo ao mundo num ano só? Já pesquisei e vi que 1941 e 1943, por exemplo, não foram tão pródigos. Qual será o mistério?

O melhor é que todos esses setentões estão aí, vivos e em plena atividade. Podem e devem comemorar seus aniversários no auge da condição de “celebridades”, essa classificação tão desmoralizada ultimamente. O leitor pode ter suas preferências, mas para mim todos eles foram (são?) geniais em suas respectivas praias. Wilson (20/06), por exemplo, que escapou por pouco da morte (via drogas) e chegou a ser internado num hospício, acaba de conseguir a proeza de reunir os membros sobreviventes dos Beach Boys para um disco comemorativo de 50 anos de carreira. Os fãs mais empolgados dizem que é o melhor disco do grupo até hoje.

Paul, que completa 70 aninhos nesta segunda-feira (18), exibe hoje mais vitalidade que a maioria dos artistas que cresceram inspirados pelos Beatles (quantos serão?). Não devia estar pensando que chegaria a tanto em 1967, quando compôs When I’m Sixty-four (“Quando eu tiver 64 anos”). Seu parceiro e quase irmão John Lennon disse, certa vez, que não admitia estar cantando rock quando chegasse aos 60 anos – pena que não viveu para confirmar ou desmentir a própria frase.

Quanto aos brasileiros, o que dizer? Gil (26/06), Caetano (7/08), Milton (26/10) e Paulinho (12/11) mudaram a cara do Brasil (e, ouso dizer, não apenas a cara musical) mais do que qualquer músico que surgiu depois; só falta Chico Buarque para se completar o quinteto mais genial de compositores que aqui surgiram e que ainda estão por aí (Chico é de 1944). Todos surgiram para a música na década de 1960, aquela em que tudo aconteceu no Brasil (Bossa Nova, Cinema Novo, Tropicalismo, Teatro de Arena, Ditadura Militar…). O mínimo que podemos dizer a eles é “parabéns” e “muito obrigado”.

Mas, insisto: haverá uma explicação? Lembro de uma entrevista que fiz com o cantor e guitarrista americano John Pizzarelli, fã de música brasileira, em Ouro Preto, quando lhe contei que naquela região haviam surgido vários grandes compositores (Milton, Ary Barroso, Toninho Horta, Wagner Tiso, Lô Borges, João Bosco). Pizzarelli me respondeu: “Deve ser a água”.

Será que a água brasileira era tão melhor em 1942?

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