Enquanto escrevia o comentário anterior, sobre normas técnicas, me lembrei do famoso “caso da tomada”, que durante meses causou grande polêmica entre especialistas e ainda hoje rende piadas pela internet. Para quem não se recorda, aconteceu há cerca de cinco anos: os venerandos ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e InMetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) decidiram que o país deveria adotar um novo tipo de tomada elétrica (de três pinos), supostamente mais seguro. A razão seria o registro de vários casos de acidentes com a tomada tradicional (de dois pinos), que provocava choques.

A polêmica surgiu basicamente por dois motivos. Primeiro, tudo foi discutido e decidido sem a menor transparência, quase como segredo de Estado; segundo, o novo plugue elétrico não tinha (e não tem até hoje) similar em nenhum país do mundo (vejam o quadro abaixo). Em lugar de adotar o padrão europeu, que a maioria dos experts considera o mais seguro, ou o plugue americano (o mais comum no mundo), decidiu-se inventar um frankenstein tupiniquim, obrigando a população a trocar todas as suas tomadas.

conector brasil2Quem se beneficiou com a medida? Até hoje não foi explicado. Talvez os fabricantes de adaptadores (nossos queridos “benjamins), que se espalharam rapidamente pelo varejo. Fato é que, hoje, um turista que chegue ao Brasil trazendo um aparelho elétrico, seja um notebook ou um secador de cabelos, tem que ir atrás do tal adaptador para não passar apuros. E o brasileiro que viaja ao Exterior ganhou mais uma preocupação: ter à mão um outro tipo de “benjamin”, compatível com as instalações dos países que irá visitar. No dia a dia das famílias brasileiras, nada mudou.

Tudo por causa de uma Norma Técnica. Estas, como dissemos, servem para ajudar e proteger as pessoas. No caso, foi a exceção que confirmou a regra.

6 thoughts on “Quem está mais seguro?

  1. Essa foi mais uma vergonha e um atraso para o Brasil.

    Quero ver na copa com os visitantes querendo ligar seus carregadoras de celular e notebooks…

  2. Respeito a sua opiniao,mas apenas a vida de uma crianca salva vale o investimento! essas tomada nao tem como tocar os dedos nos pinos.SEGURANCA.que tem dinheiro para viajar para o exterior tem 12 dolares para comprar um carregador de iphone com padrao local! Tenho uma menina de 3 anos que se ue dixar ela desliga o ventilador da tomada eliga novamente. Obs nao so vendedor de tomadas ou adaptadores!.abraco.

  3. Cabe ressaltar que quase ninguém tem aterramento eficiente em suas residências, muito menos se essas foram construídas antes da implantação desse padrão obtuso, tornando qualquer proteção alegada pelos “experts” totalmente inócua..

  4. Esse padrão de tomada brasileiro se parece muito com o suíço. Embora a Suíça esteja cercada pela comunidade européia (CE) não adota o mesmo padrão. O modelo europeu é difícil de ser usado fora da CE, assim como o modelo americano não serve na Europa, neste caso prefiro o suíço, que se adapta ao “europlugue” (mas não ao padrão americano…), ainda muito usado na Europa (nem todos conseguiram substituir suas tomadas e plugues até hoje). Aliás, me parece que a própria CE teria intenção de mudar seu plugue para o padrão internacional IEC 60906-1, do qual o padrão tupiniquim NBR 14136 é adaptado. Enfim, se o padrão brasileiro for realmente parecido com o suíço, não acho que foi uma escolha tão ruim, é mais fácil usar uma tomada suíça na CE que o contrário.

  5. Joel Ramos, nada a ver isso que voce acaba de dizer (“a vida de uma crianca salva”). Voce so está repetindo as bobagens que ouviu para justificar a tomada Frankstein.

    Nao havia a menor necessidade de ALTERAR O FORMATO DOS PINOS e do plug para um monstro sem igual no planeta, meramente para criar uma tomada com uma forma de encaixe que nao deixa a ponta do plug aparecer… Eles poderiam ter feito a mesmissima coisa mas mantendo os encaixes antigos (e a compatibilidade com pinos redondos e chatos).

    Fora que hoje em dia os fabricantes ainda deixam parte dos pinos do plugues eletricos em plastico, ao inves de metal, para aumentar a segurança. E fora que a tomada nao protege do principal, que é a criança enfiar algo de metal (como um prego ou um arame) dentro dos buracos da tomada.

  6. Faltou colocar no texto o problema dos estrangeiros que visitarem o Brasil e descobrir que nem aquele adaptador universal que eles compraram e seus países de origem não se encaixam nas nossas tomadas. Imaginem na Copa 😉

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