1016_ford-assemblylineEm tempos de Black Friday, com toda a carga negativa que a data sugere, vale a pena ler um breve artigo do grande publicitário Ruy Lindenberg, publicado na rede Linked In, sobre a figura do consumidor. Ao comentar o livro American Assembly Line (“Linha de Montagem Americana”), do historiador David Nye, que trata exatamente da sociedade de consumo, Ruy nos ajuda a entender melhor a importância do ilustríssimo sr. Consumidor para o mundo em que vivemos.

O livro descreve a já célebre invenção de Henry Ford, que há exatamente 101 anos criava a linha de montagem (foto) – há quem pense que Ford foi o inventor do automóvel, mas esse mérito é compartilhado pelos historiadores entre várias pessoas; muito antes, em 1789, Oliver Evans obteve a primeira patente americana para o veículo a motor; mundialmente, a honraria é atribuída ao alemão Karl Benz, cuja patente é de 1888.

Seja como for, antes de Ford ninguém tinha encontrado uma forma de produzir automóveis em escala industrial. O velho Henry percebeu o apelo dos veículos a motor junto ao público, mas sabia que sem a montagem em série aquele não era um negócio viável. Tratou de equipar sua fábrica, próximo a Detroit, com velozes máquinas de montagem, e também de pagar bem a seus operários, que seriam (deduziu ele, brilhantemente) os principais candidatos a adquirir os veículos.

Como diz Ruy, Henry Ford acabou de certa forma “inventando” o consumidor. Foi dele também a ideia, revolucionária para a época, de promover visitas guiadas à fábrica, deixando as pessoas boquiabertas diante da maravilha que havia criado. Explorou também as feiras industriais, na Europa e nos EUA, para encantar o público com demonstrações sobre como os carros eram montados. Todos começaram então a querer participar dessa engrenagem, que foi sendo aperfeiçoada com os anos.

O que se conhece por “sociedade de consumo” evoluiu com a indústria da comunicação, particularmente a partir dos anos 1950, quando a televisão se popularizou nos principais países. Se hoje existem distorções como a Black Friday, e se determinadas empresas não respeitam o consumidor, este tem – como nunca teve antes – o sagrado poder de recusar o que lhe oferecem, procurar outra opção ou simplesmente não comprar.

Se alguém aí se sente enganado, não tem o direito de colocar a culpa em Henry Ford.

3 thoughts on “Sua Excelência, o consumidor

  1. > há quem pense que Ford foi o inventor do automóvel,
    > mas esse mérito é compartilhado pelos historiadores
    > entre várias pessoas; muito antes, em 1789 (…)
    > mundialmente, a honraria é atribuída ao alemão
    > Karl Benz, cuja patente é de 1888.
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    Boa hora para lembrar que, em todo o mundo, apenas no Brasil (e em mais nenhum outro lugar) se acredita que Santos Dumont inventou o aviao. Em todo o resto do planeta, inclusive na França, o invento do aviao é atribuido aos irmaos americanos Orville e Wilbur Wright. Isso é oficial, com chancela da FAI (Fédération Aéronautique Internationale), entidade internacional maxima no assunto, fundada em 1905, a mesma que homologou o voo de Dumont.
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    Por sinal, Dumont tambem nao inventou o relogio de pulso

  2. Realmente os irmãos Wright inventaram o avião de fato! O que Santos Dumont criou foi uma aeronave que decola – sai do chão direto para o ar e pousa como os aviões modernos. Os Wright voaram em uma aeronave que precisava ser catapultada ou partir de uma rampa para que depois de já estar planando fosse sustentada pelo motor. Isso 3 anos antes do 14 BIS. Um projeto não é cópia ou melhoria do outro – foram desenvolvidos de forma totalmente discreta.

  3. O aviao de Dumont nao voava, dava pulinhos. Sequer era manobravel. O maximo que o 14-Bis conseguiu fazer em toda sua vida util foi voar 220 metros a 6 metros de altura, em 1906. Nunca passou disso. Enquanto isso, em 5 de outubro de 1905, um ano antes de Dumont, os irmaos Wright fizeram uma exibicao para 30 testemunhas convidadas com um voo que durou 39 minutos e percorreu 38,9 quilometros, dando TRINTA voltas no campo de testes. Seis meses antes de Dumont voar, os Irmaos Wright obtiveram a patente do aviao, que tinham pedido em 1903. Que tal, acha isso pouco?

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