Uma das notícias mais importantes do ano, no segmento de tecnologia, foi a de que Verizon, maior operadora de telecom dos EUA, irá flexibilizar a venda de seus pacotes de serviço. É a primeira vez que um gigante do setor se dispõe a alterar a base que sustenta toda essa indústria: o assinante ganha mais opções no chamado bundling e não tem que necessariamente aceitar os canais que a operadora lhe impõe.

Os detalhes da notícia estão aqui, mas antes que os leitores tirem conclusões apressadas convém pensar um pouco sobre como funciona essa máquina de distribuição de conteúdos. O sistema de pacotes está na raiz da existência do mercado mundial de TV por assinatura. Para atender a uma quantidade crescente de usuários e manter uma oferta variada de conteúdos, com um mínimo de qualidade de áudio e vídeo e fluxo constante dos sinais, esse sistema é obrigatório.  Os investimentos em novos conteúdos e na infraestrutura de rede só podem ser bancados com uma receita regular, cobrada mensalmente dos assinantes.

O que a Verizon está propondo, na contramão das demais empresas do setor, é um pequeno ajuste dessa regra histórica. Nos pacotes convencionais, o usuário paga um valor X para ter acesso a determinados canais e serviços e recebe, como uma espécie de “contrapeso”, outros canais e serviços que não deseja. Não há como personalizar a oferta. O sistema trava se cada assinante puder fazer escolhas individuais. A Verizon está prometendo que seu sistema não irá travar, desde que os assinantes concordem em pagar um pouco mais para ter pacotes mais seletos.

Claro que isso tem a ver com a expansão dos serviços OTT, tipo Netflix. Estes são por natureza mais baratos e fáceis de gerenciar. Não lidam com sinais de TV aberta, nem com grandes catálogos de conteúdo; seu principal atrativo está nas séries, cujo volume de dados é limitado à quantidade de episódios. Não há sucessos recentes do cinema no Netflix. Para oferecê-los, a empresa teria que no mínimo triplicar a mensalidade.

Mas ninguém – nem mesmo os administradores desse tipo de serviço online – consegue prever o que irá acontecer nos próximos anos. Será que as pessoas vão abandonar o formato de pacotes? Conseguirão viver sem suas assinaturas? Num evento do setor realizado esta semana em Chicago (leiam aqui), estão sendo levantadas várias hipóteses. Mas, por enquanto, os pacotes ainda são sagrados.

5 thoughts on “TV paga: pacotes menores e mais baratos

  1. A NETFLIX deveria oferecer mais opões de preços e pacotes.
    Mesmo que ela triplicar seu preço inicial, ficará abaixo dos valores oferecidos pelas TVs por assinatura e com certeza, com mais vantagens e opções.

  2. ….e sem falar no pacote que ela já oferece com resolução UHD!

  3. É uma piada dizer que essas operadoras gigantescas de TV perderiam dinheiro. Isso é o exemplo da mais clássica venda casada, uma prática revoltante que a hipocrisia dos órgãos ditos reguladores permite, dando a essas empresas ordinárias como a única existente no Brasil (leia-se Globo, dona da NET e distribuidora do mesmo conteúdo para toas as outras, como a Vivo, Oi, etc. e tal). Agora a NET e a Claro são uma coisa só, o que contribui para a prática do monopólio revoltante dessa empresa nojenta que conseguiu tirar até a DirectTV do Brasil., país que de capialismo só tem a parte selvagem.

  4. Eduardo, a Globo não é mais dona da NET ha mais de 10 anos, atualmente ela tem apenas uma pequena participacao acionaria. A dona da NET (com cerca de 93% das acoes), da Claro e da Embratel é o grupo mexicano America Novil, do mexicano Carlos Slim.

  5. Essa historia que o empacotamento individual “travaria o sistema”, soa como mera historia para boi dormir…

    No Canadá ha muitos anos que o sistema funciona exatamente assim… No caso da Videotron de Montreal, por exemplo, voce paga uma tarifa básica para ter os canais abertos e os “TV Senado” da vida, e paga mais um preço fixo adicional por um numero fixo de canais extras [b]que você escolhe[/b].

    Exemplo hipotetico: a operadora oferece 100 canais nao obrigatorios. Voce assina o plano X que lhe dá direito aos canais obrigatorios e a mais 20 canais que voce escolher (entre aqueles 100 disponiveis). Pode escolher QUAIS QUISER!… Ou assina o plano Y, que ao inves de 20, deixa voce escolher 30 canais. E assim por diante. Os pacotes, em resumo, ditam “quantos canais nao-obrigatorios eu posso escolher”.

    Com o detalhe que voce pode mudar suas escolhas a cada periodo de tempo (acho que a cada mes, nao lembro).

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