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Neste 2016, combinam-se três fenômenos que levam à mudança: um desejo sincero da maioria dos brasileiros de poder tocar a vida honestamente; uma nova estrutura judicial que facilita flagrar o(s) assalto(s) ao Estado, sitiado por grupos políticos; e uma rede de comunicação que estimula o monitoramento da sociedade sobre esses grupos.

Sejam quais forem os instrumentos de análise, o ano está nos trazendo uma série de datas históricas. 13 de março, 17 de abril e 11 de maio estarão nos futuros livros de História como momentos em que o país parou para fazer uma autocrítica. Lamentável que não o tenha feito em eleições, de resto devoradas pela mentira marqueteira.

Mas isso agora é passado. O governo que esfacelou o país sob uma teia de crime e corrupção está, enfim, saindo de cena. A população, tantos anos inerte, finalmente reagiu (vejam este exemplo). E os políticos, cuja maior especialidade é o senso de sobrevivência, demonstram – pelo menos boa parte deles – ter entendido o recado.

Não é coincidência que a política tenha substituído o futebol como assunto nas rodas de botequim e nos almoços de família. Nas últimas semanas, os brasileiros puderam ver – ao vivo – a face dos políticos declarando suas crenças e descrenças, como fazemos todos os mortais. As TVs ficaram ligadas até de madrugada, e os celulares replicando as mensagens vindas de Brasilia. Bem-vindos ao mundo da política conectada.

Uma revolução tecnológica e comportamental marca este início de século. É preocupante, embora incontornável, o fato de que, além daqueles que simplesmente defendem suas regalias, propiciadas por um Estado viciado e paternalista, ainda existem muitos professando conceitos e atitudes desmoralizados pelo tempo. Lendo o que escrevem e ouvindo o que dizem, a sensação é que o Muro de Berlim não ruiu… um incrível dèja-vu político, que não cabe mais em nenhum enredo.

Oportunismo e ignorância resultaram, em alguns países da América Latina, no retorno fugaz do delírio socialista. Tristemente, foram esses fatores que regeram o Brasil na primeira década do século 21. Prometeu-se um maná suculento, que viria da mera boa vontade de políticos, sindicalistas e empresários com acesso privilegiado ao caixa das estatais e dos bancos públicos. Literalmente, destribuiu-se dinheiro alheio na compra de votos e de apoios.

Alheia à política, a maior parte da população não se deu conta do golpe assim armado. Um dos (depois confirmado) líderes da quadrilha chegou ao escárnio de exemplificar: o Programa Bolsa Família representa 40 milhões de votos! Mas a cadeia criminosa montada para sustentar o governo a partir de 2003 foi se revelando ao melhor estilo das máfias, que se destroem quando um ou dois integrantes, contrariados em seus interesses, decidem delatar os chefes. Ao entrarem em cena os órgãos de investigação, estimulados por uma sociedade farta dos abusos (e mais informada), nossa Cosa Nostra foi caindo em pedaços.

Vejo no metrô a propaganda do governo: “O Brasil não vai parar”. Alguém poderia acrescentar: “Agora é que não vai mesmo”. Nosso país, como o mundo, é outro em 2016. Quem quiser persistir nos delírios e nos assaltos não será bem recebido.

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