A morte do grande baterista brasileiro Rubens Barsotti, co-fundador do Zimbo Trio, na última quarta-feira 15/04, não se deveu – como a princípio foi divulgado – ao coronavírus. Rubinho, como todos o conheciam, havia fraturado o fêmur numa queda e, após a cirurgia, teve complicações. Tinha 87 anos, dos quais 72 dedicados de alguma forma à música. Veja uma de suas últimas entrevistas.

Antes de surgir o Zimbo, em 64, Rubinho já acumulava uma longa experiência no Brasil e no Exterior, tocando inclusive com grandes nomes do jazz, como Oscar Peterson, Tommy Flanagan e Zoot Sims. O Zimbo Trio – formado com o pianista Amilton Godoy e o baixista Luiz Chaves (ouça aqui seu primeiro disco) – marcou época nos anos 1960 ao acompanhar Elis Regina no célebre O Fino da Bossa, programa semanal da TV Record-SP onde se apresentavam os maiores artistas da época. 

 

Chaves e Godoy tinham sólida formação musical, enquanto Rubinho (foto) era puro autodidata. Não por acaso, anos mais tarde o trio gravou dois discos inteiros dedicados à música erudita. Já nos anos 70, os três fundaram em São Paulo o CLAM (Centro Livre de Aprendizagem Musical), uma das primeiras escolas de música popular do país.

A morte de Rubinho veio se somar a uma série de más notícias no mundo do jazz este ano, essas sim causadas pela COVID-19. Desde janeiro, foram seis perdas notáveis:

Jimmy Heath, saxofonista que acompanhou Charlie Parker nos anos 1950, partiu em 19 de janeiro, aos 94 anos; tocou também com Dizzy Gillespie, Chet Baker e Miles Davis, entre outros.

McCoy Tyner, pianista célebre por sua parceria com John Coltrane nos anos 60, também viajou no dia 06 de março, aos 81 anos, após premiada carreira com seu trio, que pode ser visto aqui no Festival de Jazz de Newport em 1998.

Muito lamentada entre os músicos foi a morte precoce do trompetista Wallace Roney (aqui num fantástico solo gravado em 2018) com apenas 59 anos, em 31 de março, também vítima do vírus. Roney, que começou nos Jazz Messengers de Art Blakey nos anos 80, formou-se musicalmente com Miles Davis.

No dia 01 de abril, duas perdas significativas, dois veteranos que ajudaram a formar várias gerações de grandes músicos. O pianista, compositor e professor Ellis Marsalis, nascido em New Orleans, faleceu aos 87 anos. Ellis, filho de um jazzista, formou o famoso clã Marsalis, com seus filhos Wynton, Branford, Delfeayo e Jason, todos músicos de sucesso. Este vídeo é de um festival de jazz em sua cidade, em 2012.

O guitarrista Bucky Pizzarelli, pai do famoso cantor John Pizzarelli, também partiu naquele dia, aos 95 anos. Bucky deixa um currículo que inclui shows e gravações de estúdio com nomes como Benny Goodman, Stephane Grappelli e Zoot Sims, entre outros. Neste vídeo de 1992, Bucky se apresenta com o filho John.

Finalmente, no último dia 15, partiu Lee Konitz, um dos maiores improvisadores do jazz, aos 92 anos. Entre outras proezas, Konitz participou do célebre disco Birth of the Cool, de Miles Davis, em 1948. Na sequência, fez parte da orquestra de Stan Kenton e veio a tocar com Lennie Tristano, Jon Henderson, Jim Hall, Charlie Haden e muitos outros. Até recentemente continuava tocando longos solos, a plenos pulmões (aqui, uma gravação sua do ano passado).

Na foto maior, pela ordem, Ellis Marsalis, Bucky Pizzarelli e Wallace Roney.

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