Os leitores mais atentos devem se lembrar que comentamos aqui, em julho do ano passado, sobre o aumento nas vendas de fitas cassete em alguns países. Artistas de sucesso começaram a lançar seus álbuns também nesse formato, que muitos julgavam esquecido. Pois agora temos que reverenciar o principal responsável por aquelas fitas que acompanharam várias gerações: Lou Ottens (foto), que faleceu no último dia 6 aos 94 anos.

Ottens foi engenheiro da Philips de 1952 a 1986, e coube a ele comandar a equipe que desenvolveu o primeiro gravador portátil de fita magnética (mod. EL3300), apresentado na IFA, em Berlim, em 1963. Até então, as fitas – lançadas em 1956 pela americana Ampex – eram grandes e destinadas apenas ao mercado profissional. A equipe de Ottens, além de criar uma fita compacta (o nome original era “Compact Cassette”) que cabia no bolso, conseguiu produzir também o gravador/reprodutor para elas, com um mecanismo interno para prender e fazer girar a fita em contato com um magneto – a cabeça de leitura.

 

Foi um sucesso quase instantâneo, inclusive porque, ao contrário de outras invenções, a Philips (por influência direta de Ottens) decidiu liberar a patente da fita sem cobrar royalties. Com a adesão da indústria japonesa, criou-se um novo mercado mundial, levando as gravadoras de discos – que então editavam apenas vinil – a comprar milhões de fitas para registrar suas gravações. As estimativas são de que mais de 100 milhões de fitas cassete foram vendidas até o final do século 20, quando o formato foi abandonado. Este vídeo do YouTube ajuda a entender por que essa invenção foi tão importante.

Uma curiosidade é que, durante as negociações com fabricantes japoneses para cobrança ou não de royalties, Ottens se aproximou de Norio Ohga, sucessor de Akio Morita no comando da Sony. Embora não tenha havido acordo entre as duas empresas, a aproximação deu resultado anos depois, quando Sony e Philips fizeram o lançamento conjunto do CD (Compact Disc), em 1983. Ottens também fez parte da equipe que desenvolveu essa tecnologia, que acabou representando o fim da fita magnética.

Mas, segundo seu depoimento ao documentário Cassette: a Documentary Mixtape, realizado em 2017 (o trailer pode ser visto aqui), isso nunca foi problema para ele. Ottens já estava satisfeito por ter criado um produto que durou 50 anos, e provavelmente não imaginou que sua invenção se tornaria objeto de desejo entre jovens que nem tinham nascido quando o CD chegou.

2 thoughts on “Adeus ao inventor da fita cassete

  1. A boa e velha fita k7, NÃO desfaço das minhas, gosto do conceito e do som do mecanismo do equipamento e do chiado da fita. Tenho 03 toca fitas, sendo um da Pioneer modelo CT- M6R com CAPACIDADE DE 06 FITAS, troca 05 fitas enquanto a outra reproduz, um clássico.

  2. Como diz a música do Roberto Carlos: “Velhos tempos, belos dias”.
    A curtição dessa época era gravar as músicas prediletas e ouvi-las no som carro, muita saudades!

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