É no mínimo curioso, embora não exatamente surpreendente, tendo em vista o revival do vinil nos últimos anos. Reportagem da revista inglesa What Hi-Fi revela que, de janeiro a junho, foram vendidas no país nada menos do que 65 mil fitas cassete – suponho que todos os leitores saibam do que se trata; se não, vejam na foto. Virtualmente extintas do mercado mundial há quase 20 anos, essas caixinhas (do francês ‘cassette’) foram nossas companheiras de viagem durante décadas. Na impossibilidade de sair por aí carregando dúzias de LPs, andávamos com nossas fitas na mochila, no bolso, na bike, no porta-luvas do carro… para ouvir num player da pedra lascada, um tal de tape-deck, pai do videocassete.

E você pode achar que 65.000 é nada (qualquer artista de sucesso médio alcança fácil 1 milhão de streamings), mas não é bem assim. O número representa o dobro do que os britânicos compraram no primeiro semestre de 2019, e já é mais do que em todo o ano de 2018. Artistas da moda – Lady Gaga, Billie Eilish, Lewis Capaldi, Robbie Williams – são os responsáveis por esse movimento retrô. Gaga vendeu 12 mil fitas de seu último disco. Desde 2003 não se vendiam tantas cassetes no Reino Unido, e a previsão é de chegar a 100 mil até o final do ano (não conheço estatísticas de outros países).

 

Fica aí o registro, acompanhado de certa nostalgia. Apesar do som ruim – e de, em alguns casos, ainda ser necessário usar um lápis para rebobiná-las (sabem o que é isso, rebobinar?) – as fitas cassete fazem parte da história. Surgiram nos anos 1960 e permaneceram em campo até a virada do século. Foram precursoras do VHS, formato de vídeo que antecedeu o DVD. Caíram em desuso por causa do CD, mas, como se vê, até mesmo entre os jovens estão reconquistando seu cartaz.

Quando Eilish (2001) e Capaldi (1996) nasceram, por exemplo, as fitas cassete já eram. Quem diria?

1 thought on “Novo lançamento: fita cassete

  1. Na verdade, caro Orlando, o som das fitas cassette não é ruim obrigatoriamente. Tudo depende do nível de qualidade das fitas, como as de cromo e metal, dos gravadores/reprodutores utilizados e dos cuidados tomados na gravação. Atendidos esses critérios, os resultados podem ser melhores do os que temos com os MP3s da vida. Tenho ainda um cassette-deck NAD de 3 cabeças e sistemas Dolby B e C de redução de ruído em que já fiz cópias de CDs com resultados muito bons.

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