Volta e meia a indústria eletrônica se envolve em polêmicas e mal-entendidos que confundem – quando não prejudicam diretamente – o consumidor. O excesso de siglas e protocolos já é um problema em si, que a maioria dos fabricantes não consegue (alguns na verdade nem querem…) esclarecer. O problema se torna mais grave quando consumidores são atraídos por inovações que mais tarde se revelam… bem, nem tão inovadoras assim.

Vejam a controvérsia da semana passada envolvendo o conector HDMI 2.1, que está agitando os sites internacionais especializados. Lançado em 2017, esse padrão de conexão significou um grande avanço em relação à versão 2.0. Foi o primeiro desenhado para permitir o tráfego de sinal 8K, utilizando a incrível taxa de dados (bitrate) de 48 Gigabits por segundo, contra 18Gbps do anterior.

Pois na semana passada, quase por acaso, o site inglês TFT Central descobriu que a chinesa Xiaomi lançou uma linha de monitores com HDMI 2.1, só que com os mesmos recursos do 2.0! Questionada, a empresa disse que “isso é normal”, já que o próprio HDMI Licensing, consórcio internacional que controla as normas no caso, autorizou.

Autorizou? Como assim? Antes de explicar o truque, é bom lembrar que a versão 2.1 é especificada para permitir recursos como VRR (Variable Refresh Rate), que ajusta a taxa de renovação da tela de acordo com o conteúdo; ALLM (Auto Low Latency Mode), que reduz o atraso na resposta do display para exibir o sinal; e FRL (Fixed Rate Link), código que libera o display para usar alta taxa de dados.

Aparelhos com HDMI 2.0 não permitem nada disso, o que geralmente é bem explicado nos manuais de instrução das boas marcas. A dura novidade é que o HDMI Licensing simplesmente aboliu a versão 2.0 sem comunicar isso oficialmente. Numa curta nota enviada ao site, a entidade disse que agora cabe a cada fabricante especificar se aqueles recursos fazem ou não parte do produto. “Dependemos totalmente dos fabricantes e das revendas para explicar isso aos consumidores”, disse Douglas Wright, porta-voz da entidade.

O resumo da história é que, ao comprar um TV, soundbar ou qualquer aparelho HDMI, o usuário precisará conferir nos manuais se está adquirindo um “2.1 real” ou “2.1 fake”. Nem mesmo é possível garantir que o aparelho seja capaz de reproduzir sinal 4K em 120Hz, outra especificação do padrão.

Estamos traduzindo para publicar em breve a explicação detalhada, que pode ser lida aqui em inglês. E nos próximos produtos que testarmos vamos ficar atentos a essa nova pegadinha tecnológica.

Enquanto isso, cuidado.

4 thoughts on “HDMI 2.1 pode ser “HDMI fake”

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