Através do amigo Daniel Martins, da Dolby, soube que o Tidal está excluindo o software MQA (Master Quality Authenticated) da sua plataforma de streaming. Menos conhecido, sairá do Tidal também o formato Sony 360 Reality Audio. As mudanças acontecem a partir de 24 de julho.

Tanto MQA quanto 360 Reality, e o fantástico DSD, que é mais antigo, foram pensados para ser opções “de nicho”, atendendo a um tipo muito específico de consumidor de áudio. Seria uma versão moderna dos antigos audiófilos da era analógica, usuários fanáticos pelas minúcias da tecnologia de áudio e que desprezavam as alternativas “populares”, como durante muito tempo foi considerado o CD.

OK, acho que essa categoria de consumidor sempre irá existir, e não apenas no mundo do áudio. Só que a realidade do mercado é implacável. Da mesma forma que o Spotify é líder disparado desse segmento (oficialmente possui mais de 600 milhões de assinantes no mundo), embora sua qualidade de áudio seja muito questionada, as outras plataformas parecem se encaminhar na direção do gosto majoritário do público.

O Tidal, fundado na Noruega em 2010, nasceu para ser mesmo uma opção mais “nobre”. Hoje, possui apenas 3 milhões de assinantes, e talvez seus acionistas estejam querendo sair desse nicho. Foi o primeiro serviço que apostou no MQA, formato criado em 2014 pela inglesa Meridian, fabricante de equipamentos high-end, e reconhecido pelos especialistas como o mais avançado.

Na edição de junho da revista HOME THEATER & CASA DIGITAL, traçamos um panorama do segmento conhecido como HiRes Audio, com as diversas opções para o usuário. Ao produzir a matéria, ainda não sabíamos da nova orientação do Tidal, que por sinal começou a mudar não agora, mas no ano passado (vejam aqui). Ali, explicamos o próprio conceito “HiRes”, que começou como uma marca da Sony, mas hoje está em centenas de marcas de players, amplificadores, fones de ouvido etc. e também em milhares de álbuns online.

Alguns talvez lamentem o fim do MQA, já que Tidal era a única, entre as plataformas mais importantes, a oferecê-lo. Mas as mudanças vão além. A empresa norueguesa decidiu substituir todos os conteúdos MQA pelo FLAC (Free Lossless Audio Codec), já usado em larga escala no streaming. A dúvida é se oferecerá o FLAC mais avançado (192kHz/24-bit), similar ao MQA, ou só a versão conhecida como “CD-quality” (44.1kHz/16-bit). A diferença é enorme.

Quanto ao 360 Reality, alternativa de áudio espacial criada pela Sony, será substituído pelo Dolby Atmos Music, que aos poucos vai se consolidando como formato preferencial nessa categoria, principalmente depois de adotado por Apple Music e Amazon Music (só falta o Spotify adotar, mas a empresa sueca pelo visto não acha isso prioritário).

Para completar, surgiu na semana passada uma notícia que pode ser um “consolo” para os fãs do MQA. O gigante grupo canadense Lenbrook, dono do MQA Labs e de várias marcas importantes de produtos de áudio, estuda uma parceria com o HDtracks, loja de música online, para criar uma plataforma de streaming totalmente focada em conteúdos HiRes, MQA incluído. A notícia, em inglês, está aqui.

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