No mundo dos negócios, como em outras áreas da vida, nem tudo é o que parece. Às vezes, o marketing e a imagem projetada de uma empresa junto à opinião pública valem mais do que seus produtos propriamente ditos. Comentei aqui outro dia sobre o crescimento de alguns fabricantes chineses de eletrônicos, e entre eles citei a Acer, hoje o maior fabricante mundial de notebooks (produz inclusive para muitas marcas que encontramos por aí, em regime de OEM). Pois bem, vejam o que diz o sr. Stan Shih, fundador da Acer, segundo o jornal Comercial Times, de Taiwan, onde fica a sede da empresa:

“Daqui a vinte anos não existirão mais fabricantes americanos de computadores. Vai acontecer com eles o mesmo que aconteceu com os fabricantes de televisores”.

Não sei se os executivos da Dell e da HP estão perdendo horas de sono por causa dessa declaração, repetida na semana passada em vários sites ao redor do mundo. Frases como essas são geralmente apenas golpes de marketing, sem maior fundameno. Mas, sem dúvida, eles devem estar preocupados. Diz o sr. Shih que não há saída: o mercado de computadores será cada vez mais dominado pelas marcas de baixo custo, coisa que os americanos não sabem fazer.

Contestar, quem há de?

3 thoughts on “Quem sobreviver, verá

  1. Pode até ser, mas se analisarmos os produtos que os grandes fabricantes chineses, coreanos, de Taiwan, etc, vendem hoje, há muito pouco de tecnologia criada por eles nestas soluções. Em cada notebook Acer, por exemplo, há um processador Intel, empresa americana, um chipset da Nvidia, igualmente americana. Os chipsets wireless são da Californiana Broadcom e os HDs da Seagate, originalmente americana e hoje nas Ilhas Cayman para pagar menos impostos. Boa parte das máquinas de produção de plásticos, metalurgia e fabricacão de integrados é igualmente americana.

    Os orientais, em matéria de computadores, nada mais fazem que simplesmente integrar soluções, algumas vezes de forma brilhante, de empresas americanas. Hoje, claro. Ele pode estar considerando a enorme quantidade de orientais estudando nas faculdades americanas, um dia vão voltar e, quem sabe, passar a lutar por um espaço nesta área. Empresas que fabricam computadores em solo americano realmente não existem mais, mas o essencial, a tecnologia crucial para cada micro fabricado em Formosa, Cingapura e China, é criado nas terras do Tio Sam.

    Também é bom lembrar que nem todo mercado é essenciamente voltado para preço. A Apple talvez seja o maior exemplo que inovação e design podem ser cobrados e vão encontrar consumidor disposto a pagar por eles.

    Outro ponto a ser levado em consideração e cada vez mais discutido por ai: conseguirão os chineses, os tigres asiáticos, manter por muito tempo sua competitividade, diante de pressões por meio ambiente limpo, condições de trabalho dignas, mão de obra cada vez mais qualificada e demanda em sua própria região?

    Abs

    Julio

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