O Brasil já teve um presidente que dizia preferir “o cheiro de cavalo ao cheiro de povo” (João Figueiredo, 1979-1985). Houve ainda um ministro que levava seu cachorro a passear de carro oficial, argumentando que “cachorro é um ser humano como outro qualquer” (Antonio Magri, 1990-1992).

Agora, tem um ministro que usa agenda oficial e jatinho da FAB para participar de leilões de cavalos de raça, sua grande paixão (veja a matéria do Estadão). Ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil) foi colocado no cargo em meio às barganhas políticas do governo Lula. Nunca teve qualquer relação com o setor. Não caiu ali de paraquedas, como outros ministros atuais, mas de cavalo, literalmente…

Se levasse a sério o cargo que ocupa, Juscelino saberia que a agenda de seu ministério para os próximos quatro anos inclui itens como:

*Implantação do novo padrão de televisão aberta, provisoriamente chamado TV 3.0;

*Ampliação da rede de telefonia 5G, que por enquanto só atende algumas cidades grandes;

*Ampliação do projeto Amazônia Conectada, que se for bem conduzido ajudará a combater dramas como desmatamento, tráfico de drogas, trabalho escravo, contrabando, grilagem etc;

*Expansão das redes de banda larga para inclusão digital de escolas pelo país afora;

*Aceleração dos repasses do FUST (Fundo para Universalização dos Serviços de Telecomunicações) ao BNDES para financiar conectividade nas áreas de agro, saúde e educação;

*Coordenação das discussões sobre o projeto de lei, circulando na Câmara, que propõe um Marco Legal para Inteligência Artificial, nos moldes (discutíveis) do Marco Legal da Internet.

São apenas alguns itens divulgados recentemente, com certeza os técnicos do Ministério e da Anatel já levaram ao ministro vários outros projetos. E, no entanto, não se vê uma palavra do ilustre criador de cavalos de raça a respeito desses temas. Pelo visto, ele tem várias outras contas a prestar. Se o mantiver no cargo, o governo corre o risco de pisotear todos esses programas. E desmoralizá-los com as quatro patas!

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