Ainda sobre as mudanças na chamada “Lei do Cabo”, ainda é cedo para dizer até que ponto o consumidor será, de fato, beneficiado. O espírito geral do projeto aprovado no Congresso parece interessante: com mais empresas competindo, a tendência é termos melhores serviços e preços mais baixos. Essa é a teoria. Até agora, por exemplo, determinadas cidades têm apenas uma operadora atuando, e não por falta de demanda, mas porque a Anatel impõe restrições. Isso deve acabar, com a entrada das teles e a maior oferta de serviços triple-play ou até quad-play (TV + banda larga + telefone fixo + celular).

Uma fonte do setor me diz que o preço da assinatura pode cair até 40%, já que determinadas operadoras poderão fundir seu serviço numa mesma conta, otimizando a infraestrutura e reduzindo os custos de cobrança e atendimento. Isso pode acontecer, por exemplo, com a Net, que agora será oficialmente incorporada à Embratel, cujo proprietário é o grupo mexicano Telmex, também dono da Claro. Ou com a TVA, cuja rede de TV por assinatura pode ser integrada à banda larga da espanhola Telefônica (hoje apenas em São Paulo), agregando ainda a rede de celular da Vivo. Por sua vez, a Oi – que até agora não podia operar com cabo – deve iniciar o quanto antes a integração de sua rede de telefonia fixa (herança da Brasil Telecom) para oferecer os serviços da OiTV (que hoje só atua via satélite). Detalhe: Oi, que tem forte participação da Portugal Telecom.

No satélite, aliás, a briga promete ser interessante. A Sky (do grupo americano DirecTV) já tem tudo pronto para lançar seu serviço de banda larga, o que tende a reforçar muito sua posição – hoje, apenas com TV, a operadora é uma das que mais crescem no país. Deve se fortalecer também a ideia de parcerias complementares, envolvendo empresas de infraestrutura (que detêm as redes físicas), distribuidoras (que atendem diretamente os assinantes) e programadoras (que produzem e/ou vendem conteúdo). Entre estas últimas, as emissoras de TV aberta podem desempenhar papel importante, se tiverem competência para criar conteúdos adequados à TV fechada. Do ponto de vista físico, sai na frente quem já tem rede de fibra óptica, casos da Net e da Oi, além da GVT (do grupo francês Vivendi), que está investindo pesado nisso, e da italiana Tim, que dois anos atrás adquiriu o controle da Intelig e mais recentemente da AES Atimus, especializada em banda larga.

Nesse ponto, não há como deixar de apontar o atraso em que o Brasil se encontra devido à xenofobia: não fossem os impedimentos legais e o aparelhamento político da Anatel, grandes grupos internacionais – como todos esses citados – já estariam com suas redes instaladas e provavelmente os custos para o consumidor já seriam mais baixos. Basta dizer que a TV por assinatura atende somente 18% das residências brasileiras, contra 55% da Argentina, só para citar um exemplo!

3 thoughts on “Como vai ficar a TV por assinatura

  1. Mais uma vez fico indignado de ser brasileiro. Não sou radical, mas fico revoltado com a morosidade do setor público em resolver e aprovar leis que beneficiam o cidadão. Já não chega os altos impostos pagos no Brasil ainda temos que esperar e esperar …… a boa vontade da Anatel. Enquanto isso, como voce mesmo está citando no último parágrafo, estamos pagando um conta que poderia ser bem mais baixo.
    Recentemente assinei os serviços da GVT e estou muito contente com a aquisição, agora, espero que os serviços da GVT de TV fechada também sejam competitivos para mais uma mudança vantajosa.

  2. Apenas uma colaboração, em acréscimo a tudo que foi dito: qualidade! De nada adianta serviços ofertados em massa, se não houver fiscalização de quem deve fiscalizar… e punição àqueles que maltratam o consumidor. Vide o caso da telefonia móvel: embora o vertiginoso crescimento do setor, com inegáveis ganhos ao consumidor, o serviço prestado, principalmente no pós venda, é lamentável, para dizer o mínimo. E ninguém fiscaliza, pois, se houvesse um controle eficiente, eles não fariam o usuário de gato e sapato. Só quem teve que perigrinar por callcenters da vida sabe do que estou falando. Não se pode esquecer que telecomunicações é um serviço público, delegado à iniciativa privada para exploração sob supervisão e fiscalização direta dos órgãos concessores. É aí que entram – ou deveriam entrar – os órgãos de controle, como Anatel. Mas, como esta tem “rabos presos” e baixíssima eficiência, eles deitam e rolam. Por isso, insisto: de nada adianta aumentarmos a oferta se não houver a prestação de serviços de qualidade, que efetivamente respeitem o consumidor! Abraço.

  3. Se fosse algum projeto de aumento de salário de deputados e afins certamente já estaria votado, sancionado e em vigor há muito tempo!!!

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